A frase “sem a humildade, apenas vos adornais de
virtudes que não possuis, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as
deformidades do vosso corpo”, (ese, cap. VII, item XI), chama a atenção.
Afinal, o progresso moral do ser demanda, como é
cediço, muito tempo e muito esforço, através dos quais o homem vai amealhando
novas experiências, conhecimentos e virtudes, que, por extensão, fazem nele
emergir as forças interiores da alma. Contudo, à medida que o homem dá mais
importância aos bens terrenais do que aos espirituais – os únicos que lhe podem
assegurar a verdadeira felicidade – apega-se ao exterior, tira Deus do centro e
coloca-se no lugar d’Ele.
Há, neste sentido, uma interessante frase do Espírito
Paulo de Tarso, inserta na quarta parte, cap. II, pergunta 1009 de O Livro dos
Espíritos: “Gravitar para a unidade divina, esse é o objetivo da humanidade”.
Gravitar, em sentido estrito, significa girar em torno. Nesta perspectiva, a
bem de nosso progresso, devemos deixar Deus no centro. Para isso, porém, é
necessário que sejamos humildes.
Quando o orgulho sobressai em nossas atitudes,
ficamos presos às nossas próprias limitações e incapazes, portanto, de avançar
para as conquistas superiores. Na sociedade terrena atual viceja, de modo
geral, o culto ao materialismo, disso resultando numa completa inversão de
valores. Neste diapasão, adverte Joanna de Ângelis que:
“Há uma confusão muito grande entre os valores éticos
que alçam os indivíduos aos patamares da grandeza moral e aqueles que degradam,
que vendem sensações soezes, como se a existência humana devesse estar sempre
num circo, dando prosseguimento indefinido ao burlesco, ao cínico, ao
despudor.” (Jesus e Vida)
Em assim sendo, a falta de resistências morais dá azo
a que permaneçamos, não raramente, adstritos a comportamentos impostos por
indivíduos que se consideram heróis da atualidade. Ante isso, cumpre-nos citar
novamente o pensamento da Benfeitora Espiritual acima mencionada:
“O heroísmo não se expressa através da vilania, da
deformidade, do grotesco, mas sim, em decorrência a coragem e da envergadura
que caracterizam os espíritos fortes, humanos e dignificadores da sociedade”.
“Todo e qualquer investimento aplicado na
transformação dos recursos espirituais para melhor e do esforço contínuo em
favor da promoção da sociedade, constitui ato de heroísmo. Não apenas aqueles
que tornam os seus realizadores conhecidos e comentados pelo grupo social, mas
especialmente quando passam ignorados, constituindo admirável empreendimento
interior em benefício da harmonia”. (Jesus e Vida)
Desta forma inferimos que é ato de coragem lutar
contra toda essa onda de materialismo e insensatez que grassam em nosso planeta
nestes turbulentos dias. Para tal, é preciso ter coragem para fazer diferente.
E ser humilde é fazer diferente, pois a humildade é panaceia contra os males
originados pelas suscetibilidades do amor –próprio. Eis porque consideramos a
humildade como sendo a virtude dos fortes.
Andres Gustavo Arruda
Fonte: Jornal Tribuna do
Espiritismo – nov./2015
imagem: google