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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA


       Um homem possuia uma grande vinha, onde colhia bastante uvas.
       Um dia, saiu de casa bem cedo para procurar novos trabalhadores para seu vinhedo.
       Chegando à praça da cidade, perto de sua casa, encontrou alguns homens sem emprego. Combinou com eles o salário daquele tempo, que era um dená­rio por dia. Os operários, satisfeitos, aceitaram imediatamente o convite e, por ordem do proprietário, seguiram para o trabalho da vinha.
       As nove horas da manhã, o vinhateiro voltou à praça, onde havia sempre, como era costume naque­la época, pessoas que procuravam serviço. Encon­trou mais alguns homens desempregados e disse-lhes:
       — Ide também trabalhar na minha vinha. Eu vos pagarei o que for justo.
       E os trabalhadores seguiram para o campo e começaram sua tarefa.
       Ao meio-dia, e depois às três da tarde, o vinha­teiro voltou à mesma praça e fez o mesmo, contra­tando novos trabalhadores.
       As cinco horas da tarde, pela última vez nesse dia, esteve no mesmo local, onde encontrou igual­mente alguns homens sem serviço. Perguntou-lhes, então:
       — Por que estais aqui, o dia inteiro, desocupa­dos?
       E os homens responderam:
       — Senhor, aqui estamos porque ninguém con­tratou nossos serviços até agora.
       Respondeu o vinhateiro:
       - Ide também vós trabalhar na minha vinha.
       Ao anoitecer, o senhor da vinha chamou o admi­nistrador e disse-lhe que fizesse o pagamento dos salários aos trabalhadores.
Naqueles tempos, os operários recebiam o paga­mento diariamente; esse salário de cada dia era cha­mado jornal. Por isso, eram chamados também jor­naleiros.
— Chama os trabalhadores e paga-lhes o salá­rio, começando pelos últimos e acabando pelos pri­meiros — ordenou o vinhateiro.
Foram chamados os que chegaram às cinco ho­ras da tarde e só trabalharam uma hora. E cada um deles recebeu um denário.
E assim, os outros que começaram a tarefa às três horas da tarde e ao meio-dia. Por fim, chegaram os que começaram o serviço pela manhã bem cedo. Pensavam que iriam receber mais. O administrador, porém, pagou igualmente aos primeiros um denário.
Então, estes começaram a resmungar contra o senhor da vinha, alegando:
— Estes últimos trabalharam somente uma hora e tu os igualaste a nós, que aguentamos o peso do dia e o calor sufocante.
O proprietário, entretanto, disse a um deles que mais murmurava:
— Meu amigo, eu não te faço injustiça; não com­binaste comigo o jornal de um denário? Recebe, pois, o que te pertence, sem reclamação. Eu quero dar aos últimos tanto quanto dei a ti. Não achas que tenho direito de fazer o que me agrada daquilo que me pertence? Por que sentes ciúme e inveja? Não tenho, por acaso, o direito de ser bondoso?
(Mateus, capítulo 20º, versículos 1 a 16)

*

Termina Jesus a Parábola dizendo: “Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão últi­mos”.
Esta bela história, mostra como Deus executa Sua Perfeita Justiça.
À primeira vista, parece que os operários quei­xosos tinham razão de reclamar contra o vinhateiro, pois eles trabalharam mais tempo que os últimos, que só tiveram uma hora de serviço. Esse é o raciocínio humano, é idéia da justiça humana, que só considera o lado exterior das coisas. No caso da parábola, os operários não tinham direito de recla­mação, porque estavam recebendo o salário combi­nado na praça com seu patrão. Era o salário comum naquele tempo, para o trabalho de um dia. O senhor da vinha havia prometido pagar um denário e cum­priu sua palavra.
Não houve nenhuma injustiça da parte do pro­prietário da vinha. Ele quis pagar támbém um dená­rio, isto é, o salário justo, aos trabalhadores de últi­ma hora, certamente porque viu que o serviço feito por estes, nessa única hora, foi feito com boa von­tade, amor e cuidado. Ele considerou, não o tempo, mas, a qualidade do serviço feito.
Assim é a Justiça Divina. Ela nos re­compensará, um dia, na Eternidade, pelo trabalho que fizermos em favor do Reino de Jesus na Terra. A recompensa, porém, será dada, não em consideração ao número de horas de nosso serviço, nem à quan­tidade do mesmo. Deus não olhará o lado exterior, visível, nem o volume de nossas obras. Deus nos julgará pela qualidade de nosso trabalho, pela sinceridade de nossos atos, pela nossa boa von­tade no auxílio aos outros, pelo amor, cuidado e dedi­cação com que cumprirmos nossas tarefas. Deus olha a qualidade de nosso trabalho e não as horas de nosso serviço. A Justiça Divina considera nosso co­ração e nosso caráter, e não nosso relógio e nossa balança.

Do livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU
CLÓVIS TAVARES                                           


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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

MEDO


      Decorrente dos referidos fatores sociológicos, das pres­sões psicológicas, dos impositivos econômicos, o medo as­salta o homem, empurrando-o para a violência irracional ou amargurando-o em profundos abismos de depressão.
Num contexto social injusto, a insegurança engendra muitos mecanismos de evasão da realidade, que dilaceram o comportamento humano, anulando, por fim, as aspirações de beleza, de idealismo, de afetividade da criatura.
Encarcerando-se, cada vez mais, nos receios just ificáveis do relacionamento instável com as demais pessoas, surgem as ilhas individuais e grupais para onde fogem os indivíduos, na expectativa de equilibrarem-se, sobrevivendo ao tumulto e à agressividade, assumindo, sem darem-se conta, um com­portamento alienado, que termina por apresentar-se igualmen­te patológico.
As precauções para resguardar-se, poupar a família aos dissabores dos delinquentes, mantendo os haveres em luga­res quase inexpugnáveis, fazem o homem emparedar-se no lar ou aglomerar-se em clubes com pessoal selecionado, per­dendo a identidade em relação a si mesmo, ao seu próximo e consumindo-se em conflitos individualistas, a caminho dos desequilíbrios de grave porte.
Os valores da nossa sociedade encontram-se em xeque, porque são transitórios.
Há uma momentânea alteração de conteúdo, com a con­seqüente perda de significado.
A nova geração perdeu a confiança nas afirmações do passado e deseja viver novas experiências ao preço da aluci­nação, como forma escapista de superar as pressões que so­fre, impondo diferentes experiências.
A quantidade expressiva de atemorizados trabalha a qua­lidade do receio de cada um, que cresce assustadoramente, comprimindo a personalidade, até que esta se libere em des­regramento agressivo, como forma de escapar à constrição.
Na luta furiosa, as festas ruidosas, as extravagâncias de conduta, os desperdícios de moedas e o exibicionismo com que algumas pessoas pensam vencer os medos íntimos, ape­nas se transformam em lâminas baças de vidro pelas quais observam a vida sempre distorcida, face à óptica incorreta que se permitem. São atitudes patológicas decorrentes da fra­gilidade emocional para enfrentar os desafios externos e in­ternos.
Adaptando-se às sombras dominadoras da insensatez, neglicencia o sentido ético gerador da paz.
O excesso de tecnicismo com a correspondente ausência de solidariedade humana produziram a avalanche dos recei­os.
A superpopulação tomando os espaços e a tecnologia re­duzindo as distâncias arrebataram a fictícia segurança indivi­dual, que os grupos passaram a controlar, e as conseqüências da insânia que cresce são imprevistas.
Urge uma revisão de conceitos, uma mudança de condu­ta, um reestudo da coragem para a imediata aplicação no or­ganismo social e individual necrosado.
Todavia, é no cerne do ser — o Espírito — que se encon­tram as causas matrizes desse inimigo rude da vida, que é o medo.
Os fenômenos fóbicos procedem das experiências passa­das — reencarnações fracassadas —, nas quais a culpa não foi liberada, face ao crime haver permanecido oculto, ou dissi­mulado, ou não justiçado, transferindo-se a consciência fal­tosa para posterior regularização.
O medo é fator dissolvente na organização psíquica do homem, predispondo-o, por somatização, a enfermidades di­versas que aguardam correta diagnose e específica terapêuti­ca.
À medida que a consciência se expande e o indivíduo se abriga na fé religiosa racional, na certeza da sua imortalida­de, ele se liberta, se agiganta, recupera a identidade e huma­niza-se definitivamente, vencendo o medo e os seus sequa­zes, sejam de ontem ou de agora.

Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis


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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A DOR


                É muito difícil abordar o tema dor. Isso porque cada um sofre de acordo com suas necessidades e encara o sofrimento segundo o seu patrimônio moral, cultural e religioso. O sofrimento é uma vicissitude da vida e que pode ser de duas espécies: a primeira advinda de uma causa na vida presente e, a segunda, herdada de vidas passadas. Estamos conscientes de que o espírito sofre, quer no mundo material, quer no espiritual, a conseqüência das suas próprias imperfeições. Independente de ser agora ou de ontem, o importante é saber que todo o padecimento na vida corpórea é sempre oriundo da nossa imperfeição. Então, se a carga leve ou pesada e nossos sofrimentos é, na verdade, resultado de faltas cometidas na exist~encia presente ou nas precedentes, para que essas inquietações sirvam de reajuste à alma, temos o dever de transformá-las em testemunhos de fé. Conduzindo-nos ao reajuste, a dor é o grande e abençoado remédio que nos reeduca a atividade mental, reestruturando o nosso perispírito. Não é incorreto afirmar que, depois do poder de Deus, apenas a dor e os sofrimentos são as únicas forças capazes de alterar o rumo dos nossos pensamentos, determinando-nos a buscar às modificações indispensáveis.
                Assim, diante desatas colocações, ninguém, em são consciência, se atreveria a dizer como se deve fazer para evitar a dor. Ela é inevitável, pois que é o imperativo da evolução. Entretanto, é preciso saber encará-la, desde que se tenha em conta de que a medida de um não serve para o outro. A dor de cada um é um fato muito particular. Mas como encarar a dor e o sofrimento? Deus nos deu uma ferramenta extraordinária para isso: a Doutrina Espírita. O espiritismo nos ensina que este é um plano de provas e expiações e não de castigo e condenações. Ou seja, que a dor e a dificuldade não são eternas e que, se tivermos fé e perseverança, o amanhã vai ser melhor.
                Para nós, o tempo tem início, mas, não tem fim, posto que somos imortais. Sabemos que esta vida é apenas um pedacinho da vida espiritual. Para que tivéssemos força para enfrentar os sofrimentos enquanto encarnados, é que Jesus nos prometeu um consolador. Ao nos inteirarmos dos assuntos espirituais, passamos a compreender as dificuldades como ferramentas para testar a nossa fé, a nossa resignação, o nosso aprendizado. São as provas, as sabatinas, os testes a que somos compelidos, visto que nos encontramos na escola da vida. A dor da expiação serve para resgatarmos dívidas antigas, para que possamos prosseguir na senda da evolução. Leon Denis escreveu que a dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa. Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
                Há de se deixar claro que a doutrina não exalta, nem  enaltece e, muito menos, determina a dor como programa obrigatório de sofrimento na vida encarnada. Na realidade, o espiritismo pura e simplesmente nos faz compreender a dor e suas causas, ao nos esclarecer que se não nos transformamos pela prática espontânea do amor incondicional, a dor virá nos visitar, nas não para punir, mar para nos despertar. É a história do pastor: quando uma ovelha se desgarra, ele a busca; se ela foge de novo, ele torna a buscar; porém, se ela reincide, aí ele manda o cão. Se não podemos evitá-la, podemos encará-la através de uma receita mágica, que está explícita no Livro dos Espíritos: Dome o homem as suas paixões animais, não sinta ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; não se deixe dominar pelo orgulho e purifique sua alma pelos bons sentimentos que faça o bem e dê ás coisas deste mundo a importância que elas merecem, então, mesmo estando encarnado, já estará depurado, liberto da matéria e quando deixar seu corpo não mais lhe suportará as influências.

Orlando Ribeiro

Fonte: Jornal Espiritismo Estudado – setembro/2012


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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

CIÚME


Tipificando insegurança psicológica e desconfi­ança sistemática, a presença do ciúme na alma trans­forma-se em algoz implacável do ser. O paciente que lhe tomba nas malhas estertora em suspeitas e verda­des, que nunca encontram apoio nem reconforto.
Atormentado pelo ego dominador, o paciente, quando não consegue asfixiar aquele a quem estima ou ama, dominando-lhe a conduta e o pensamento, foge para o ciúme, em cujo campo se homizia a fim de entregar-se aos sofrimentos masoquistas que lhe ocul­tam a imaturidade, a preguiça mental e o desejo de impor-se à vitima da sua psicopatologia.
No aturdimento do ciúme, o ego vê o que lhe agra­da e se envolve apenas com aquilo em que acredita, ficando surdo à razão, à verdade.
O ciúme atenaza quem o experimenta e aquele que se lhe torna alvo preferencial.
O ciumento, inseguro dos próprios valores, des­carrega a fúria do estágio primitivista em manifesta­ções ridículas, quão perturbadoras, em que se conso­me. Ateia incêndios em ocorrências imaginárias, com a mente exacerbada pela suspeita infeliz, e envene­na-se com os vapores da revolta em que se rebolca, insanamente.
Desviando-se das pessoas e ampliando o círculo de prevalência, o ciúme envolve objetos e posições, posses e valores que assumem uma importância alu­cinada, isolando o paciente nos sítios da angústia ou armando-o com instrumentos de agressão contra to­dos e tudo.
O ciúme tende a levar sua vítima à loucura.
O ego enciumado fixa o móvel da existência no de­sejo exorbitante e circunscreve-se à paixão dominado­ra, destruindo as resistências morais e emocionais, que terminam por ceder-lhe as forças, deixando de reagir.
Armadilha do ego presunçoso, ele merece o ex­termínio através da conquista de valores expressivos, que demonstrem ao próprio indivíduo as suas possi­bilidades de ser feliz.
Somente o self pode conseguir essa façanha, ar­rebentando as algemas a que se encontra agrilhoa­do, para assomar, rico de realizações interiores, su­perando a estreiteza e os limites egóicos, expandin­do-se e preenchendo os espaços emocionais, as aspi­rações espirituais, vencidos pelos gases venenosos do ciúme.
Liberando-se da compressão do ciúme, a pouco e pou­co, o eu profundo respira, alcança as praias largas da existência e desfruta de paz com alguém ou não, com algo ou nada, porém com harmonia, com amor, com a vida.

O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

HISTÓRIA - A Inveja


                Álvaro trabalhava em uma empresa há 20 anos. Funcionário sério, dedicado, cumpridor de suas obrigações.
                Um belo dia, ele foi ao dono da empresa para fazer uma reclamação. Disse que trabalhava ali há 20 anos com toda dedicação, mas se sentia injustiçado. O Juca, que havia começado há apenas três anos, estava ganhando muito mais do que ele.
                O patrão fingiu não ouvir e lhe pediu que fosse até a barraca de frutas da esquina. Ele estava pensando em oferecer frutas como sobremesa ao pessoal, após o almoço daquele dia, e queria que ele verificasse se na barraca havia abacaxi.
                Álvaro não entendeu direito mas obedeceu. Voltando, muito rápido, informou que o moço da barraca tinha abacaxi.
                Quando o dono da empresa lhe perguntou o preço ele disse que não havia perguntado. Como também não sabia responder se o rapaz tinha quantidade suficiente para atender todos os funcionários da empresa. Muito menos se ele tinha outra fruta para substituir o abacaxi, neste caso.
                O patrão pediu a Álvaro que se sentasse em sua sala e chamou o Juca. Deu a ele a mesma missão que dera para Álvaro:
                - Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal hoje. Aqui na esquina tem uma barraca. Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi.
                Oito minutos depois, Juca voltou com a seguinte resposta: eles têm abacaxi e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. Se o senhor preferir, têm também laranja, banana, melão e mamão. O abacaxi está R$ 3,50 cada, a banana e o mamão a R$ 1,00 o quilo, o melão R$ 4,20 a unidade e a laranja R$ 20,00 o cento, já descascada.
                Como falei que a compra seria em grande quantidade, ele dará um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo.
                Agradecendo pelas informações, o patrão dispensou Juca. Voltou-se para Álvaro e perguntou:
                - O que é mesmo que você estava querendo falar comigo antes?
                Álvaro se levantou e se encaminhado para a porta, falou:
                - Nada sério, patrão. Esqueça. Com sua licença.
                Muitas vezes invejamos as posições alheias. Sem nos apercebermos que as pessoas estão onde estão e têm o que têm porque fizeram esforços para isso.
                Invejamos os que têm muito dinheiro, esquecidos de que trabalharam para conseguir. Se foi herança, precisam dar muito duro para manter a mesma condição.
                Invejamos os que se sobressaem nas artes, no esporte, na profissão. Esquecemos das horas intermináveis de ensaios para dominar a arte da dramatização, da música, da impostação de voz. Não nos recordamos dos treinamentos exaustivos de bailarinos, jogadores, nem das horas de lazer que foram usadas para estudos cansativos pelos que ocupam altos cargos nas empresas.
                O melhor caminho não é a inveja. É a tomada de decisão por estabelecer um objetivo e persegui-lo, se esforçando sem cessar.

Momento Espírita

Fonte: Jornal do Espiritismo – outubro/2012

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

APROVEITE O ENSEJO


Não é o companheiro dócil que exige a sua compreensão fraternal mais imediata. É aquele que ainda luta por domar a ferocidade da ira, dentro do próprio peito.

Não é o irmão cheio de entendimento evangélico que reclama suas atenções inadiáveis. É aquele que ainda não conseguiu eliminar a víbora da malícia do campo do coração.

Não é o amigo que marcha em paz, na senda do bem, quem solicita seu cuidado insistente. É aquele que se perdeu no cipoal da discórdia e da incompreensão, sem forças para tornar ao caminho reto.

Não é a criatura que respira no trabalho normal que requisita socorro urgente. É aquela que não teve suficiente recurso para vencer as circunstâncias constrangedoras da experiência humana e se precipitou na zona escura do desequilíbrio.

É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso. É indiscutível, porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.

Do livro: Agenda Cristã – Chico Xavier/André Luiz


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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A REENCARNAÇÃO DOS ANIMAIS

P: Gostaria de saber qual a diferença no processo de reencarnação de um animal de grande porte (baleia, elefante) para um animal menor (gato, gafanhoto).
R: O tamanho não é o principal parâmetro em que se baseiam os Espíritos para proceder à reencarnação, mas sim o grau de evolução em que se encontram. No entanto, na maioria das vezes a evolução determina aos Espíritos encarnados na fase animal que recebam corpos mais elaborados e complexos e, consequentemente, maiores. Os insetos, que são animais pequenos, estão em fases anteriores, em que necessitam permanecer em grupos nos quais recebem tratamentos coletivos padronizados para reencarnarem (referência aos “corpos coletivos”). Mas o tamanho pode ter alguma influência, pois o tempo necessário para a miniaturização do perispírito dos animais de maior tamanho pode ser mais demorado do que a de um menor. Quanto maior o número de células espirituais do corpo espiritual, que precisam se contrair e se fundir umas às outras, tanto maior será o tempo necessário; em inseto, por exemplo, que não possui grande individualidade, cujo retorno ao mundo físico é preparado de modo coletivo, retorna em questão de segundos para cá. Animais maiores, mais evoluídos e com necessidades individuais, precisam de mais tempo e se demoram mais na outra dimensão. Basicamente o tempo e as diferenças nas preparações pré-reencarnatórias estão em função do tamanho e da individualidade dos processos.
Marcel Benedeti – Site Comunidade Espírita


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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O ADOLESCENTE E O PROBLEMA DAS DROGAS II


Os conflitos, de qualquer natureza, constituem os motivos de apresentação falsa para que o indivíduo se atire ao uso e abuso de substâncias perturbadoras, hoje ampliadas com os barbitúricos, a heroína, a cocaína, o crack e outros opiáceos.
E não faltam conflitos na criatura humana, principalmente no jovem que, além dos fatores de perturbação referidos, sofre a pressão dos companheiros e dos traficantes — que se encontram nos seus grupos sociais com o fim de os aliciar; a rebelião contra os pais, como forma de vingança e de liberdade; a fuga das pressões da vida, que lhe parece insuportável; o distúrbio emocional, entre os quais se destacam os de natureza sexual...
A educação no lar e na escola constitui o valioso recurso psicoterapêutico preventivo em relação a todos os tipos de drogas e substâncias aditivas, desvios comportamentais e sociais, bengalas psicológicas e outros derivativos.
A estruturação psicológica do ser é-lhe o recurso de segurança para o enfrentamento de todos os problemas que constituem a existência terrena, realizando-se em plenitude, na busca dos objetivos essenciais da vida e aqueloutros que são conseqüências dos primeiros.
Quando se está desperto para as finalidades existenciais que conduzem à auto-realização, à auto-identificação, todos os problemas são enfrentados com naturalidade e paz, porquanto ninguém amadurece psicologicamente sem as lutas que fortalecem os valores aceitos e propõem novas metas a conquistar.
Os mecanismos de fuga pelas drogas, normalmente produzem esquecimento, fugas temporárias ou sentimento de maior apreciação da simples beleza do mundo, o que é de duração efêmera, deixando pesadas marcas na emoção e na conduta, no psiquismo e no soma, fazendo desmoronar todas as construções da fantasia e do desequilíbrio.
É indispensável oferecer ao jovem valores que resistam aos desafios do cotidiano, preparando-o para os saudáveis relacionamentos sociais, evitando que permaneça em isolamento que o empurrará para as fugas, quase sem volta, do uso das drogas de todo tipo, pois que essas fugas são viagens para lugar nenhum.
Sempre se desperta desse pesadelo com mais cansaço, mais tédio, mais amargura e saudade do que se haja experimentado, buscando-se retornar a qualquer preço, destruindo a vida sob os aspectos mais variados.
Por fim, deve-se considerar que a facilidade com que o jovem adquire a droga que lhe aprouver, tal a abundância que se lhe encontra ao alcance, constitui-lhe provocação e estímulo, com o objetivo de fazer a própria avaliação de resultados pela experiência pessoal. Como se, para conhecer-se a gravidade, o perigo de qualquer enfermidade, fosse necessário sofrê-la, buscando-lhe a contaminação e deixando-se infectar.
A curiosidade que elege determinados comportamentos desequilibradores já é sintoma de surgimento da distonia psicológica, que deve ser corrigida no começo, a fim de que se seja poupado de maiores conflitos ou de viagens assinaladas por perturbações de vária ordem.
Em todo esse conflito e fuga pelas drogas, o amor desempenha papel fundamental, seja no lar, na escola, no grupo social, no trabalho, em toda parte, para evitar ou corrigir o seu uso e o comprometimento negativo.
O amor possui o miraculoso condão de dar segurança e resistência a todos os indivíduos, particularmente os jovens, que mais necessitam de atenção, de orientação e de assistência emocional com naturalidade e ternura.
Diante, portanto, do desafio das drogas, a terapia do amor, ao lado das demais especializadas, constitui recurso de urgência, que não deve ser postergado a pretexto algum, sob pena de agravar-se o problema, tornando-se irreversível e de efeitos destruidores.

ADOLESCÊNCIA E VIDA                                       
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS       


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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O ADOLESCENTE E O PROBLEMA DAS DROGAS I


Entre os impedimentos para a auto-identificação, no período da adolescência, destaca-se a rejeição.
Caracterizado pelo abandono a que se sente relegado o jovem no lar, esse estigma o acompanha na escola, no grupo social, em toda parte, tornando-o tão amargurado quão infeliz.
Sentindo-se impossibilitado de auto-realizar-se, o adolescente, que vem de uma infância de desprezo, foge para dentro de si, rebelando-se contra a vida, que é a projeção inconsciente da família desestruturada, contra todos, o que é uma verdadeira desdita. Daí ao desequilíbrio, na desarmonia psicológica em que se encontra, é um passo.
Os exemplos domésticos, decorrentes de pais que se habituaram a usar medicamentos sob qualquer pretexto, especialmente Valium e Librium, como buscas de equilíbrio, de repouso, oferecem aos filhos estímulos negativos de resistência para enfrentar desafios e dificuldades de toda natureza.
Demonstrando incapacidade para suportar esses problemas sem a ajuda de mecanismos químicos ingeridos, abrem espaço na mente da prole, para que, ante dificuldades, fuja para os recantos da cultura das drogas que permanece em voga.
Por outro lado, a exuberante propaganda, a respeito dos indivíduos que vivem buscando remédios para quaisquer pequenos achaques, sem o menor esforço para vencê-los através dos recursos mentais e atividades diferenciadas, produz estímulos nas mentes jovens para que façam o mesmo, e se utilizem de outro tipo de drogas, aquelas que se transformaram em epidemia que avassala a sociedade e a ameaça de violência e loucura.
O alcoolismo desenfreado, sob disfarce de bebidas sociais, levando os indivíduos a estados degenerativos, a perturbações de vária ordem, torna-se fator predisponente para as famílias seguirem o mesmo exemplo, particularmente os filhos, sem estrutura de comportamento saudável.
O tabagismo destruidor, inveterado, responde pelas enfermidades graves do aparelho respiratório, criando dependência irrefreável, transformando-se em estímulo nas mentes juvenis para a usança de tais bengalas psicológicas, que são porta de acesso a outras substâncias químicas mais perturbadoras.
A utilização da maconha, sob a justificativa de não ser aditiva, apresentada como de conseqüências suaves e sem perigo de maiores prejuízos, com muita propriedade também denominada erva do diabo, cria, no organismo, estados de dependência, que facultarão a utilização de outras substâncias mais pesadas, que dão acesso à loucura, ao crime, em desesperadas deserções da realidade, na busca de alívio para a pressão angustiante e devoradora da paz.
Todas essas drogas tornam-se convites-soluções para os jovens desequipados de discernimento, que se lhes entregam inermes, tombando, quase irremissivelmente, nos seus vapores venenosos e destruidores, que só a muito custo conseguem superar, após exaustivos tratamentos e esforço hercúleo.

ADOLESCÊNCIA E VIDA                                       
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS       


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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A PARÁBOLA DOS TALENTOS


       Certa vez, um homem rico, grande proprietário, teve necessidade de deixar sua pátria e viajar pôr outros paises.
       Chamou, então, seus servidores de confiança e lhes entregou seus bens, a fim de que negociassem com as quantias que lhes eram entregues.
       Ao primeiro servo deu cinco talentos (*), que cor­respondem em nossa moeda a mais de cem mil reais. Ao segundo entregou dois talentos e ao tercei­ro, um talento.
       Ele fez essa distribuição de acordo com a capa­cidade de cada servidor. E depois seguiu para via­gem.
       O primeiro foi imediatamente negociar com os talentos e, nos vários negócios que fez, conseguiu ganhar outros cinco talentos.
       O segundo fez o mesmo e conseguiu de lucro mais outros dois talentos.
       O terceiro servidor, porém, em lugar de multi­plicar seu dinheiro realizando negócios, como os outros dois, saiu da casa do senhor e foi para sua residência. E, no fundo do quintal, enterrou a moeda de ouro que o grande proprietário lhe havia passado às mãos.
       Decorrido algum tempo, o senhor voltou do estrangeiro para sua pátria. Chegando a casa, chamou aqueles servidores para ajustar contas com eles.
       Compareceu o primeiro à presença do seu amo. E falou:
         — Senhor, entregaste-me cinco talentos. Nego­ciei com eles, como ordenaste, e consegui multiplica-­los com meu trabalho honesto, conseguindo outros cinco. Aqui estão, meu senhor, os dez talentos que te pertencem.
Disse-lhe o proprietário, em resposta:
—  Muito bem, servo bom e fiel. Já que foste fiel no pouco que te confiei, de agora em diante eu te confiarei negócios maiores e mais importantes. Estarás sempre comigo, ao meu lado, e gozarás da minha felicidade e bem-estar.
Chegou o segundo servidor e disse também:
Senhor, entregaste-me dois talentos. Também negociei com eles, como mandaste e consegui multi­plicá-los igualmente, com meu esforço honesto, con­seguindo outros dois. Aqui estão, meu senhor, os quatro talentos que te pertencem.
—  Muito bem, servo bom e fiel. Já que foste fiel no pouco que te confiei, de agora em diante eu te confiarei também negócios maiores e mais importan­tes. Estarás ao meu lado, sempre comigo, e gozarás também, como teu companheiro, da minha felicidade e bem-estar.
Chegou, por fim, o terceiro servidor, que havia recebido um só talento. E disse ao seu patrão:
—  Senhor, eu te conhecia e sempre soube que és um homem duro e severo, que gostas de colher onde não semeastes e recolhes o trabalho dos outros. Por isso, tive medo de ti e de tua justiça. E, por medo, escondi o teu talento na terra, mas, hoje desenterrei tua moeda. Aqui está, senhor, o que te pertence.
O proprietário, porém, lhe respondeu:
—  Servo mau e preguiçoso, por que me ofendes assim? Por que imaginas que eu gosto de colher onde não semeei e me agrada explorar o trabalho alheio? Se assim julgavas, por que não puseste, pelo menos, o dinheiro no banco, para render juros, já que não querias multiplicá-lo com teu trabalho?
E chamando outros servidores de sua casa, con­tinuou:
— Tirai-lhe o talento e dai-o ao que tem dez ta­lentos. A todo aquele que tem ainda, mais se dá e ele terá em abundância; mas , ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Lançai o servidor inútil fora do meu palácio, onde há lágrimas, fome e revolta, sem as alegrias que provém do trabalho honesto e fiel.
(Mateus, capítulo 25º, versículos 14 a 30)

*

Esta parábola, é uma imagem do Reino de Deus. Nesse Reino, que abrange o Universo in­teiro, cada alma, por mais pobre e pequenina que seja, tem uma determinada tarefa ou missão.
Deus dá a cada um de nós uma tarefa, maior ou menor, segundo a ca­pacidade de cada alma. Isso é o que significa a dis­tribuição diferente dos talentos. Mas, Deus quer que nós multi­pliquemos os nossos talentos e não que os enterre­mos, como fez o servidor preguiçoso, que mereceu também o qualificativo de mau.
Nossos talentos, são as possibilidades que toda alma possui de fazer algum bem no mundo. Você também recebeu de Deus cinco, ou dois, ou um talento, isto é, você pode fazer algum bem neste mun­do: ajudando, sendo prestativo e bondoso para todos, fazendo algum serviço comunitário, auxiliando, conforme suas posses, os pobres, os órfãos, os tristes... Há tantas almas sofre­doras e necessitadas no mundo!...
Os seus talentos são o seu conhecimento, a sua bondade, o seu dinheiro, a sua boa vontade para ajudar a quem sabe ou pode menos que você. Tudo que você possui ou sabe é um talento que Deus confiou a ti, a fim de que seu coração e sua inteligên­cia o multipliquem em favor dos pobres, dos sofredores e dos necessitados do mundo.
       Não imite o terceiro servidor, que enterrou seu talento. Não negue sua coopera­ção a todos que te rodeiam. Não enterre seus talentos.  
       Se você cumprir seu dever de trabalhar no bem, nas pequeninas coisas, creia que a Parábola se cum­prirá na sua vida: o Senhor Jesus confiará à sua alma tarefa maiores no Seu Reino e você gozará de Sua Perfeita Alegria, na grande felicidade de traba­lhar com Ele em favor da regeneração de nosso mundo.

Do livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU
CLÓVIS TAVARES                                          


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domingo, 17 de fevereiro de 2013

ANSIEDADE


      A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta contemporânea.
Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores constringentes de uma sociedade etica­mente egoísta, predomina a insegurança no mundo emocio­nal das criaturas.
A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante aos demais, de ser bem recebido e considera­do é responsável pela desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no grupamento social, sem identidade, nem individualidade.
A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfei­tamente aceitáveis.
Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma res­posta, uma conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada expectativa.
Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o cli­ma de ansiedade torna-se um estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a vida.
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento.
Não apenas identificação das suas necessidades, mas, prin­cipalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano.
Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, al­tera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranqüilidade e a autoconfiança.
Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.
A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.
A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido ao corpo nem o medo de per­dê-lo.
Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física tranqüilizam o homem, fazendo que consi­dere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.
Apegado aos conflitos da competição humana ou deixan­do-se vencer pela acomodação, o homem desvia-se da finali­dade essencial da existência terrena, que se resume na aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos, propici­adores da beleza, da paz, da perfeição.
Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições vencidas — matrimônio, família, lar — os apani­guados da loucura crêem que aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera danos maiores do que aqueles que eram sofridos.
A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade antiga do homem, que ora se revela mais de­bilitado do que antes.
São válidas, para este momento de ansiedade, de insatis­fação, de tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao pró­ximo, a solidariedade fraternal, a compaixão, ao lado da ora­ção, geradora de energias otimistas e da fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem a acomodação coletivista do presente.

Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis


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sábado, 16 de fevereiro de 2013

CASAMENTO


                Casamento, para Kardec, não era um ato formal, uma solenidade religiosa, em uma bênção sacerdotal. Depreende-se da sua pergunta que ele entendia que casamento é um compromisso livremente assumido por dois espíritos, perante o altar de suas consciências.
                A alguns pode parecer estranha a presença do adjetivo permanente no contexto, o que parece contrariar o exercício do livre-arbítrio. Mas a dúvida se desfaz quando se atenta para o diálogo mantido entre Kardec e os espíritos, registrado no item 697: Está na lei da natureza, ou somente na lei humana, a indissolubilidade absoluta do casamento? Ao que os espíritos responderam: É uma lei humana muito contrária à da natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da natureza são imutáveis.
                Pelo visto, depreende-se que a expressão permanente, nesse contexto, significa com perspectivas de permanência, isto é, que não se trata de uma união fortuita, baseada apenas num impulso passageiro, mas no amor. E quando há realmente amor, o casamento não acaba. Se acaba, pelo menos um dos dois não experimentou realmente o amor, pois o verbo amar só tem pretérito na gramática.
                À medida que o tempo passa, mais se evidencia o avanço do pensamento do codificador em relação aos seus contemporâneos, pois o casamento tem perdido, ao longo dos anos, o caráter de ato social, religioso, passando a ser conceituado e respeitado como ato pessoal, íntimo. Atualmente, um casal se impõe perante a sociedade como legitimamente constituído, não mais por ter o seu compromisso matrimonial sido levado a efeito num templo, mas sim pelo ambiente de respeito e seriedade em que vivenciam a união.
                Conforme se vê, casamento, na conceituação do codificador e dos espíritos que lhe responderam as perguntas, está muito acima de qualquer bênção de um clérigo ou de qualquer ato de um Juiz de Paz. Trata-se de estabelecimento de uma sociedade conjugal, levado a efeito pelo próprio casal, num plano eminentemente moral, ético. É compromisso sagrado, que leva um a ver no outro o próximo mais próximo.
                Conforme se pode entender, o casamento não depende de nada exterior, de nenhuma ação alheia aos dois. As duas criaturas se casam, pois ninguém tem o poder de realizar o casamento de outrem. Na gramática, aprende-se que o verbo casar pode, entre outros regimes, ser transitivo, mas filosoficamente essa classificação é falsa. Poder-se-ia dizer que o verbo é recíproco, pelo fato de as pessoas se casarem, sem a interveniência de ninguém.
                Nem o Juiz de Paz não casa ninguém, muito menos o representante de uma religião pode fazê-lo, embora existam aqueles que se arrogam o direito de agir em nome de Deus, selando um compromisso matrimonial.
                Com esse entendimento, conclui-se que o casal espírita apresenta-se diante da autoridade civil apenas para declarar o seu casamento, solicitando seja ele registrado, e não para receber qualquer tipo de legitimação. A legitimidade do casamento é dada pelo grau de responsabilidade e de amor que presidiu a formação do casal.
                Quanto mais espiritualizado o casal, mais o ato transcende os limites da vida material, revestindo-se de características espirituais, o que leva naturalmente ao desejo de uma comunhão com o Alto, que poderá ser levada a efeito através de uma prece, proferida por um ou por ambos os nubentes, ou por alguém afetivamente ligado a eles, pois só o amor pode legitimar a condição de alguém na condição de suplicante de bênçãos sobre uma união matrimonial.

José Passini

Extraído do Jornal Espiritismo Estudado – número 27 – julho/2012
                
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

RESSENTIMENTO


        A convivência humana é feita por meio de episó­dios conflitivos, por falta de maturação geral que fa­voreça o entendimento e a transação psicológica em termos de bem-estar para todos os parceiros. Predo­minando a natureza animal em detrimento dos valo­res espirituais e éticos, a competição e o atrevimento armam ciladas, nas quais tombam os temperamen­tos mais confiantes e ingênuos, que se deixam, logo após, mortificar.
Descobrindo-se em logro, acreditando-se traído, o companheiro vitimado recorre ao ego e equipa-se de ressentimento, instalando, nos painéis da emotivida­de, cargas violentas que terminarão por desarmoni­zar-lhe os delicados equipamentos e se refletirão na conduta mental e moral.
O ressentimento, por caracterizar-se como expres­são de inferioridade, anela pelo desforço, consciente ou não, trabalhando por sobrepor o ego ferido ao con­ceito daquele que o desconsiderou.
No importante capítulo da saúde mental, indis­pensável ao equilíbrio integral, o ressentimento pode ser comparado a ferrugem nas peças da sensibilida­de, transferindo-se para a organização somática, re­fletindo-se como distúrbios gástricos e intestinais de demoradas conseqüências.
Gastrites e diarréias inex­plicáveis procedem dos tóxicos exalados pelo ressen­timento, que deve ser banido das paisagens morais da vida.
As pessoas são, normalmente, competitivas, no sentido negativo da palavra, desejando assenhorear­se dos espaços que lhes não pertencem e, por se en­contrarem em faixas primitivas da evolução, fazem-se injustas, perseguem, caluniam. É um direito que têm, na situação que as caracterizam. Aceitar-lhes, porém, os petardos, vincular-se-lhes às faixas vibratórias de baixo teor, no entanto, é opção de quem não se resolve por preservar a saúde ou não deseja crescer emocio­nalmente.
Quando o ressentimento exterioriza as suas ma­nifestações, deve ser combatido, mental e racionalmente, eliminando a ingerência do ego ferido e ense­jando a libertação do eu profundo, invariavelmente esquecido, relegado a plano secundário.
O indivíduo, através da reflexão e do auto-encon­tro, deve preocupar-se com o desvelamento do si, identificando os valores relevantes e os perniciosos. sem conflito, sem escamoteamento, trabalhando aqueles que são perturbadores, de modo a não fa­cultar ao ego doentio o apoio psicológico neles, para esconder-se sob o ressentimento na justificativa de buscar ajuda para a autocompaixão.
O processo de evolução é incessante, e as mudan­ças, as transformações fazem-se contínuas, impulsio­nando à conquista dos recursos adormecidos no imo, o Deus interno que jaz em todos os seres.
A liberação do ressentimento deve ser realizada através da racionalização, sem transferências nem compensações egóicas.
À medida que a experiência fixa aprendizados, esse terrível gigante da alma se apequena e se dilui, desaparece, a partir do momento em que deixa de re­ceber os alimentos de manutenção pela idéia fixa e mediante o desejo de revidar, de sofrer, de ser vítima...

O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis


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