Expressão utilizada pelo filho pródigo e inserida nos
ensinos parabólicos de Jesus, talvez tenha sido a expressão mais audaciosa de
alguém que, no fundo do poço, reflexionasse sobre seus equívocos, desejasse se
autoperdoar e partir para a reparação.
Como o ensino é totalmente alegórico e o filho
pródigo é um personagem fictício, embora de grande valia para o Pedagogo Rabi,
precisamos penetrar o íntimo desse jovem esbanjado e imaginar-lhe o âmago bem
antes e após o resoluto “levantar-me-ei”. Como ficção é a parábola,
ficcionalmente o faremos, conjeturando o antes e o depois dessa “batida de
martelo”.
Muito antes da resolução arrojada, o desperdício, a
distribuição farta dos bens do pai a amigos; muita comida, muita bebida e
muitas orgias; todos o adoravam, pois distribuía a mancheias a parte da fortuna
que lhe tocara, pensando que ela nunca acabaria. Mas acabou! E o inexperiente
jovem vê-se solitário, pois os amigos haviam sumido. Por que ficariam a seu
lado, se só desejavam o seu dinheiro? Vê-se obrigado a empregar-se cuidando de
porcos e desejou alimentar-se com a comida destes. É nessa hora que, investido
de coragem resolve levantar-se: “O menor dos empregados de meu pai vive melhor
que eu”, diz a seu íntimo e isso o faz tomas a decisão. Mas quais consequências
lhe adviriam?
Poderia ser tratado como um menor em seu retorno à
casa do pai; certamente que se sentiria muito envergonhado, perante o pai, o
irmão e a criadagem. Mas que importava? Era filho e não só mereceria como
aproveitaria a segunda chance. O mais importante, ou a decisão de arrepender-se
e resolver retornar já estava tomada, agora seria só executar seu plano
audacioso. Entrevistos o antes e o depois de sua decisão, sabemos o desfecho: O
pai não só o perdoa como o cobre de mimos; o irmão mais velho se aborrece e o
pai o repreende amorosamente, mas com autoridade.
***
Todo o soerguer-nos é uma resolução íntima. Ninguém o
fará por nós! A toda a resoluta decisão de levantar-se, há uma investida, para
frente e para o alto. Uma evolução também se faz dessa forma. Evidente que, a
partir de uma decisão dessas, toda ajuda dos Bons Amigos nos será dispensada,
mas nós precisaremos desejar, como desejou o jovem.
Evolução pede-nos esforço e uma visão panorâmica nos
requererá primeiro a escalada. Jesus, ou os padrões de Jesus, - todos e somente
eles – nos conduzirá de retorno à casa do Pai.
Cláudio Viana Silveira
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – dezembro/2016
imagem: google