Socorrer
através da prece também é caridade.
“fazei
aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que constitui a
lei e os profetas”. (Mateus, 7:12)
Toda
criatura, sem exceção, está no curso da Lei do Progresso, daí Jesus afirmar que
não se perderia nenhuma das ovelhas que o Pai Lhe confiara.
Isabel
de França e Lamennais fazem um discurso muito forte no capítulo onze, do livro
O Evangelho Segundo o Espiritismo, que nos leva a graves e profundas reflexões,
principalmente no mundo de hoje, onde a violência e a criminalidade campeiam.
Falam da caridade para com os criminosos, quando tantas vozes se elevam em
favor da pena de morte. Realmente é preciso reunir muita coragem para suportar
o testemunho de cenas tão escabrosas, quando chegamos mesmo a imaginar como
conseguem certas criaturas descer tanto!
Ora,
claro está que a comiseração não se acumplicia com a impunidade. Faz-se
necessário isolar da convivência social o ser que não consegue manter-se nos patamares
razoáveis da civilidade. Mas, nem por isso, esses réprobos estão definitiva e
irremediavelmente condenados, vez que o perdão divino, revestido pela
misericórdia do Pai alcançá-los-á no momento em que se arrependerem (e esse
momento fatalmente chegará, mais cedo ou mais tarde). Depois do arrependimento,
a Lei de Causa e Efeito se encarregará das fases seguintes que podem levar
séculos: expiação e regeneração.
O
episódio da mulher flagrada em adultério é significativo: Quem pode atirar a
primeira pedra? Hoje como ontem, ninguém!
Isabel
argumenta: Deveis amar os desgraçados, os criminosos, como criaturas que são,
de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, se se
arrependerem, como também a vós, pelas faltas que cometeis contra Sua Lei.
Considerai que sois mais repreensíveis, mais culpados do que aqueles a quem
negardes perdão e comiseração, pois eles não conhecem Deus como O conheceis, e
muito menos lhes será pedido que a vós.
Não
julgueis absolutamente, meus caros amigos, porquanto o juízo que proferirdes
ainda mais severamente vos será aplicado e precisais de indulgências para as
faltas em que, sem cessar, incorreis.
Deveis,
àqueles de quem falo, o socorro das vossas preces: é a verdadeira caridade. Não
vos cabe dizer de um criminoso: “É um miserável; deve-se expurgar da sua
presença a Terra; muito branda é, para um ser tal espécie, a morte que lhe
infligem”. Não é assim que vos compete falar. Observai o vosso modelo: Jesus.
Que diria Ele, se visse junto de Si um desses desgraçado? Lamentá-lo-ia;
considerá-lo-ia um doente bem digno de piedade; estender-lhe-ia a mão. Em
realidade, não podeis fazer o mesmo; mas, pelo menos, podeis orar por ele,
assistir-lhe o espírito durante o tempo que ainda haja de passar na Terra.
Conclama
Albino Teixeira: “Um pensamento de simpatia e de amor para os nossos irmãos que
se recuperam! Muitos são chamados criminosos, mas, em verdade, foram doentes.
Sofriam desequilíbrios da Alma, que se lhes encravavam no ser, quais moléstias
ocultas. Praticaram delitos sim; acreditaram-se em regime de exceção, quando o
orgulho lhes assoprava a mentira; renderam-se às tentações e foram pilhados na
armadilha do mal. Não lhes fites o desacerto! Enfermos graves da Alma, todos
nos fomos ontem e ainda hoje não vencemos todos os desafios.
Rende,
pois, graças a Deus, se já podes prestar auxílio, porque, se chegaste ao grau
de restauração em que te encontras, é que alguém caminhou pacientemente
contigo, com bastante amor para servir-te e bastante coragem para suportar-te”
Rogério Coelho
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado nº 27 – julho/2012