Certamente, fatores genéticos contribuem para o desenvolvimento ou não da maturidade psicológica, em se considerando as cargas hereditárias na constituição orgânica, na câmara cerebral, na aparelhagem nervosa e glandular, especialmente nas de secreção endócrina, na constituição do sexo.
Todavia, não podemos ignorar a preponderância do modelo organizador biológico (MOB) ou perispírito, responsável pela harmonização dos implementos de que o Espírito se irá utilizar para o seu processo evolutivo no corpo transitório.
Face a isso, cada pessoa é a soma das suas experiências transatas, e sua mente é o veículo formador de quanto se lhe torna necessário para o processo iluminativo.
Essa percepção, o entendimento desse fator, faz-se relevante em qualquer proposta de psicologia transpessoal, no estudo das causalidades de todos os fenômenos humanos.
Os velhos paradigmas e modelos sobre o homem cedem passo à introdução do conceito do ser ancestral, com toda a historiografia das suas reencarnações, que se tornam responsáveis pelo desenvolvimento do eu profundo.
A enunciada cisão entre o eu e o si, atávica, desaparece quando a análise do perispírito demonstra que a personalidade resulta da experiência de cada etapa, mas a individualidade é a soma de todas as realizações nas sucessivas reencarnações.
Graças a esses fenômenos, as pressões psicossociais — ambiente, educação, lutas e atividades — aparecem contribuindo, de uma ou de outra forma, para a realização das metas ou reparação delas, em razão dos processos de mérito ou débito de que cada um se faz portador.
Todos nascem ou renascem nos núcleos familiares e sociais de que necessitam para aprimorar-se, e não conforme se assevera tradicionalmente: que merecem.
As cargas de genes e cromossomas, as condições psicos sociais e econômicas, formam o quadro dos processos de burilamento moral-espiritual, resultantes da reencarnação caldeadora dos dispositivos individuais para a evolução.
Tal razão prepondera na elucidação das diferenças psicológicas dos indivíduos, mesmo entre os gêmeos uniovulados, defluentes das conquistas anteriores.
A maturidade psicológica tem um curso acidentado, feito de sucessos e repetições, por formar um quadro muito complexo na individualidade humana.
A sua primeira fase expressa-se como maturidade afetiva, quando o ser deixa de ser captativo por fenômeno atávico, para tornar-se ablativo, que é a fatalidade do processo no qual se encontra.
Da posição receptiva egoísta, profundamente perturbadora, surge a necessidade de crescer e ampliar o círculo de amigos, na sua condição de animal gregário, surgindo as primeiras expressões do amor.
Expande o sentimento afetivo e compreende que o narcisismo e o egoísmo somente conduzem à auto-destruição, à perturbação.
O amor é a chama que arde atraente, oferecendo claridade e calor, ao tempo que alimenta com paz, face à permuta de energias entre quem ama e aquele que se torna amado.
Desenvolve-se então uma empatia que arranca o ser do seu primitivismo, conduzindo-o à imensa área do progresso, onde a experiência de doação torna-se enriquecedora, trabalhando pelo olvido do ser em si mesmo com a lembrança constante do seu próximo.
Quem aspira por ser amado mantém-se na imaturidade, na dependência psicológica infantil, coercitiva, ególatra.
A afetividade é o campo central para a batalha entre as diversas paixões de posse e de renúncia, de domínio e abnegação, ensejando a predominância da doação plena.
No amadurecimento afetivo, o ser esplende e supera-se.
O próximo passo é o amadurecimento mental, graças à compreensão de que a vida é rica de significados e o seu sentido é a imortalidade.
Com essa identificação alteram-se os interesses, e as paisagens se clareiam ao sol da razão, que consubstancia a fé no homem, na vida e em Deus.
O amadurecimento mental, que se adquire pela emoção e pelo conhecimento que discerne os valores constitutivos da filosofia existencial, amplia as perspectivas da realização completadora.
Somente após lograr o amadurecimento afetivo, consegue o mental, por encontrar-se livre dos constrangimentos e das pseudonecessidades emocionais.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis
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