(J. Herculano Pires)
Nos termos da Doutrina Espírita, do demônio nasce o homem e do
homem nasce o anjo. Estamos todos no rumo da angelitude.
Nossa humanidade (nossa
natureza humana) caracteriza-se pela imperfeição, pelo predomínio dos
instintos, pelos resíduos da animalidade ainda atuantes em nossa constituição
psicossomática. Mas esses resíduos vão sendo eliminados na lapidação das vidas
sucessivas. E como somos conscientes do
processo de lapidação a
que estamos sujeitos, podemos e devemos ajudar esse processo.
Basta um olhar atento ao nosso redor para verificarmos a realidade
dessa concepção. As criaturas humanas estão dispostas numa escala progressiva
que vai do bandido ao santo. O malfeitor de hoje será o cidadão honesto do
futuro. E este, por sua vez, será o santo de amanhã, dependendo esse amanhã, em
grande parte, do esforço evolutivo do interessado. Porque o ser consciente
apressa ou retarda a sua própria evolução.
O chamado para o serviço do bem é a oportunidade que Deus oferece
a criatura imperfeita para acelerar a sua caminhada rumo a perfeição. Quem não
aproveita a oportunidade divina, apegando-se por comodismo ou displicência aos
seus defeitos, desculpando-se com as imperfeições naturais que ainda carrega, furta-se
ao cumprimento do dever espiritual. Mas as leis da evolução não o deixarão
parado por muito tempo. Por isso ensinou Jesus: “Quem se apegar a sua vida
perdê-la-á, mas quem a perder por amor a mim salvá-la-á”.
O comodista será sacudido e alijado do seu comodismo, mais hoje,
mais amanhã, pela vergasta da dor. O sofrimento é tão grande na Terra porque
maior é o comodismo dos homens. A seara continua imensa e os trabalhadores
ainda são tão poucos! Não somos anjos para ser perfeitos e puros, mas trazemos
em nós as potencialidades da angelitude. Se não acelerarmos a nossa lapidação
pelo serviço, o lapidário oculto – e que esta oculto em nós mesmos – agira como
convém para completar a sua obra.
Fonte: Na Era do
Espírito – Chico Xavier/José Herculano Pires
imagem: google
Um comentário:
Herculano fala em demônio no sentido vulgar,
onde é visto como ser voltado ao mal, para carrear
maior impacto às suas palavras junto ao leitor
impregnado pelas concepções católicas.
Mas o demônio real é apenas uma mentalidade primitiva.
Sabemos, logicamente, que Deus não criaria
uma entidade predisposta para o mal.
Além de ser o mal uma situação relativa,
nunca algo absoluto.
Beijos.
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