A função primordial do Centro Espírita: ensinar,
educar, divulgar, estudar... são caracteres da verdadeira caridade, sem
prejuízo daquela a que todos nos envolvemos com mais facilidade que é a
caridade material.
Já é ponto pacífico no movimento espírita o
entendimento da importância da divulgação e estudo de nossa Doutrina, como
providência prioritária, para bem dotar a criatura humana de recursos que a
auxiliem a vencer os desafios existenciais. Também, já é do conhecimento e
prática dos espíritos a envolvimento e trabalho com as entidades assistenciais,
inspiradas em nome do espiritismo, todas prestadoras de grandes serviços ao
Brasil.
Ao lado, porém, de todo esse trabalho executado ao
longo de décadas de dedicação e boa vontade,
trago aos leitores alguns pontos para reflexão, extraídos do magnífico livro
“Tramas do Destino”, do Espírito Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo
Pereira Franco, relativos ao binômio Centro Espírita e assistência social.
Acompanhe comigo (são trechos de diversos capítulos, em transcrições parciais
do citado livro).
São os seguintes pontos:
1. Pensa-se
muito em estômagos a saciar, corpos a cobrir, doenças a curar... Sem
menosprezar-lhes a urgência, o Consolador tem por meta principal o Espírito, o
ser em sua realidade imortal, donde procedem todas as conjunturas e situações,
que se exteriorizam pelo corpo e mediante os contingentes humanos, sociais,
terrenos.
2. A
assistência social no Espiritismo é valiosa, no entanto, se previnam os
trabalhadores da última hora contra os excessos, a fim de que a exaustão com os
labores externos não exaura as forças do entusiasmo nem derrube as fortalezas
da fé, ao peso da extenuação e do desencanto nos serviços de fora.
3. Evangelizar,
instruir, guiar, colocando o azeite na lâmpada do coração, para que a claridade
do espírito luza na noite do sofrimento, são tarefas urgentes, basilares, na
reconstrução do Cristianismo.
4. A
caridade material merece consideração e carinho, dedicação e esforço de todos
nós, que devemos conjugar forças para seu cumprimento. Mas a caridade mora, de
profundidade, a tarefa do socorro espiritual, não contabilizada, nem difundida
é urgentíssima, impondo-nos a necessidade de atenção e zelo.
5. Que
temos feito do valioso patrimônio da fé? Qual a nossa real posição perante a
vida? Quais os esforços que envidamos para modificar a situação vingente?
6. Dependerá
do desejo salutar de nossa parte preservar e manter os estados vigentes do
relaxamento moral e social, ou modificar as paisagens terrenas, iniciando a
empresa em nós mesmos, desde agora...
7. Estes
dias resultam dos dias passados que se caracterizaram por sementeira infeliz.
8. O
futuro, no entanto, encontra-se aqui, a depender de nós todos e de cada um em
particular.
9. Multiplicam-se
admiráveis locais de socorro humano, material, iniciados a expensas do
Consolador, onde a técnica vem substituindo o amor, com a saturação do serviço
pelo excesso e repetição gerando irritação e mal-estar e fazendo que se falhe
nas horas do socorro moral, nos atos de paciência e humildade, nos ministérios
espirituais da palavra esclarecedora, do passe reconfortador...
10. Multiplicam-se
os métodos de simplificação, ensejando frieza ao ministério e ausência de calor
humano, falta de afeição espiritual ao sofredor.
11. O
tempo encolhe e a pressa lhe toma o lugar, não havendo, já, em muitas
Entidades, lugar nem tempo para Jesus ou para os obsidiados, os ignorantes do
espírito, os impertinentes, tais as preocupações, os compromissos sociais, as
campanhas e movimentos pela aquisição argentária.
12. Sem
qualquer restrição à prática da caridade material, inadiável e sempre presente
a todo tempo e em qualquer lugar, a excelente caridade moral, a luminosa
caridade espiritual, que beneficiam o paciente e edificam o benfeitor,
fortalecendo-os e alegrando-os no Senhor, com quem deverão manter fortes
vínculos de perfeita comunhão interior, constituem-se em imperativo primordial
e insubstituível.
Por isso, mãos
à obra no trabalho de estudo e divulgação espírita. Investimento no estudo
doutrinário, esforço na divulgação do livro, motivação ao próprio espírita para
que se engaje mais e torne-se, também, um multiplicador desta mensagem forte de
esperança e renovação do quadro social de nosso sofrido planeta.
Orson Peter Carrara
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – set/2015
imagem: google
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