É o amor que leva à piedade fraternal, à compaixão,
induzindo o homem à solidariedade e mesmo ao sacrifício.
Há um tipo de compaixão que, não resultando da ação
dinâmica do amor profundo, pode ser perniciosa e até deprimente. Trata-se
daquela que lamenta o sofrimento e escoroçoa quem o experimenta, como uma forma
de aureolá-lo de desdita e abandono, de falta de sorte e desgraça. Essa atitude
transparece e resulta de uma óptica equivocada sobre o sofrimento, deixando a
perspectiva de que o mesmo é punição arbitrária, injustiça perturbadora.
A compaixão junta-se ao companheirismo, que comparte
dos sentimentos alheios, sem enfraquecer-lhes as resistências morais, incitando
o indivíduo à perseverança nos ideais e postulados relevantes, que o
impulsionam ao incessante avanço, sem possibilidade de retrocesso.
Compaixão pelo bem, fruto do amor, o ser age
adequadamente, mudando a estrutura do sofrimento, do qual o cinzel da ternura
arranca as asperezas e anfractuosidades. Esse sentimento é semelhante à
suavidade do luar em noite escura espraiando luz tênue e confortadora sobre a
paisagem. Faculta uma visão propiciadora de ações úteis, onde predominavam as
sombras do desalento, do medo e do
desespero em crescimento.
A paixão pelo serviço de elevação irradia piedade
construtiva, que estimula à beneficência
e dá calor à filantropia, aureolando-a de vigor fraternal, graças ao qual os
sentimentos solidários expressam o amor em sua multiface.
A ausência de compaixão envilece o homem e a falta de
paixão pelo bem torna o ser revel, quando não o mantém apenas na indiferença
mórbida, qual observador mumificado diante dos acontecimentos do cotidiano.
O serviço do bem, com a correspondente paixão de
sustentá-lo, transforma-se em caridade que plenifica aquele que recebe o
socorro e quem o propicia. Enseja a ação de dupla via: a satisfação que faculta
àquele a quem é dirigida e a que retorna como resposta interior da consciência
tranqüila pela emoção experimentada.
A vida sempre responde de acordo com a maneira como é
inquirida. A cada ação resulta uma equivalente reação, desencadeando sucessivos
efeitos que se tornam conseqüências desta última, por sua vez geradora de novos
resultados.
Para eu seja interrompido o ciclo, quando pernicioso,
a compaixão por si mesmo e pelo próximo induz o homem às ações construtivas,
nas quais se instalam os mecanismos que desencadeiam resultados favoráveis ao
progresso, assim interrompendo a onda propiciadora de sofrimento.
A paixão de Cristo por todas as criaturas é um
estímulo constante a que se compadeçam os indivíduos uns pelos outros,
sustentando-se nas dores e dificuldades, jamais piorando as suas necessidades
ou afligindo-os mais através dos instintos agressivos, por acaso prevalecentes
em sua natureza animal.
É de vital importância a compaixão no comportamento
humano. Ela conduz à análise a respeito da fragilidade da existência corporal e
de todos os engodos que a disfarçam.
Sendo a ilusa um fator responsável por incontáveis
sofrimentos, a compaixão desnuda-a.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
Um comentário:
"A vida sempre responde de acordo
com a maneira como é inquirida."
E a gente vivencia o que aprende,
e aprende o que vivencia.
Não há mistério na vida,
é apenas questão de er olhar.
Beijos.
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