É muito difícil abordar o tema dor. Isso porque cada
um sofre de acordo com suas necessidades e encara o sofrimento segundo o seu
patrimônio moral, cultural e religioso. O sofrimento é uma vicissitude da vida
e que pode ser de duas espécies: a primeira advinda de uma causa na vida
presente e, a segunda, herdada de vidas passadas. Estamos conscientes de que o
espírito sofre, quer no mundo material, quer no espiritual, a conseqüência das
suas próprias imperfeições. Independente de ser agora ou de ontem, o importante
é saber que todo o padecimento na vida corpórea é sempre oriundo da nossa
imperfeição. Então, se a carga leve ou pesada e nossos sofrimentos é, na
verdade, resultado de faltas cometidas na exist~encia presente ou nas
precedentes, para que essas inquietações sirvam de reajuste à alma, temos o
dever de transformá-las em testemunhos de fé. Conduzindo-nos ao reajuste, a dor
é o grande e abençoado remédio que nos reeduca a atividade mental,
reestruturando o nosso perispírito. Não é incorreto afirmar que, depois do
poder de Deus, apenas a dor e os sofrimentos são as únicas forças capazes de
alterar o rumo dos nossos pensamentos, determinando-nos a buscar às
modificações indispensáveis.
Assim, diante desatas colocações, ninguém, em são
consciência, se atreveria a dizer como se deve fazer para evitar a dor. Ela é
inevitável, pois que é o imperativo da evolução. Entretanto, é preciso saber
encará-la, desde que se tenha em conta de que a medida de um não serve para o
outro. A dor de cada um é um fato muito particular. Mas como encarar a dor e o
sofrimento? Deus nos deu uma ferramenta extraordinária para isso: a Doutrina
Espírita. O espiritismo nos ensina que este é um plano de provas e expiações e
não de castigo e condenações. Ou seja, que a dor e a dificuldade não são
eternas e que, se tivermos fé e perseverança, o amanhã vai ser melhor.
Para nós, o tempo tem início, mas, não tem fim, posto
que somos imortais. Sabemos que esta vida é apenas um pedacinho da vida
espiritual. Para que tivéssemos força para enfrentar os sofrimentos enquanto
encarnados, é que Jesus nos prometeu um consolador. Ao nos inteirarmos dos
assuntos espirituais, passamos a compreender as dificuldades como ferramentas
para testar a nossa fé, a nossa resignação, o nosso aprendizado. São as provas,
as sabatinas, os testes a que somos compelidos, visto que nos encontramos na
escola da vida. A dor da expiação serve para resgatarmos dívidas antigas, para
que possamos prosseguir na senda da evolução. Leon Denis escreveu que a dor é a
grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e
santa. Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho
regenerador das lágrimas, a dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e
glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do
sofrimento.
Há de se deixar claro que a doutrina não exalta,
nem enaltece e, muito menos, determina a
dor como programa obrigatório de sofrimento na vida encarnada. Na realidade, o
espiritismo pura e simplesmente nos faz compreender a dor e suas causas, ao nos
esclarecer que se não nos transformamos pela prática espontânea do amor
incondicional, a dor virá nos visitar, nas não para punir, mar para nos
despertar. É a história do pastor: quando uma ovelha se desgarra, ele a busca;
se ela foge de novo, ele torna a buscar; porém, se ela reincide, aí ele manda o
cão. Se não podemos evitá-la, podemos encará-la através de uma receita mágica,
que está explícita no Livro dos Espíritos: Dome o homem as suas paixões
animais, não sinta ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; não se deixe
dominar pelo orgulho e purifique sua alma pelos bons sentimentos que faça o bem
e dê ás coisas deste mundo a importância que elas merecem, então, mesmo estando
encarnado, já estará depurado, liberto da matéria e quando deixar seu corpo não
mais lhe suportará as influências.
Orlando Ribeiro
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – setembro/2012
Um comentário:
Temos que encarar a dor de todos os tipos com fortaleza de espírito e fé.
Muitas dores são induzidas por nós mesmos.
Òtima semana dePaz Profunda,Denise.
Donetzka
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