Parte do desenvolvimento da personalidade humana é
construída na infância e a esta soma-se a milenar bagagem espiritual adquirida
em outras encarnações. As bases de muitas indecisões diante da vida se devem à
educação autoritária dada pelos pais, que escolhem sistematicamente pelos
filhos desde roupas, alimentos, esportes, brinquedos, férias, até amigos,
profissão e afetos. Crianças crescem deixando parentes, companheiros ou
professores decidirem por elas sem levar em conta seus gostos e preferências.
Essas crianças se tornarão, mais tarde, homens sem segurança, firmeza e coragem
de tomar atitudes perante a vida. O direito de decidir deve ser estimulado
sempre desde a infância, pois se trata de apoio vital na formação de um sólido
sentimento de determinação e firmeza, que refletirá no adulto de amanhã.
O constrangimento que se faz à nossa liberdade de
consciência prejudica a busca de nós mesmos, a nossa afirmação perante a vida,
bem como nos dificulta encontrar a peculiar forma de amar.
Em razão disso tudo, indivíduos passam a usar uma
máscara de bonzinho como meio de seduzir, conquistar ou conseguir disfarçar a
enorme incerteza que carregam, mas periodicamente, mostram de modo claro sua
insatisfação interior: explodem em raiva inesperada contra aqueles com quem
convivem. As relações ficam sensivelmente limitadas, pois nunca se sabe quanto
a sua bondade extremada vai suportar uma opinião contrária ou algo que lhes
desagrade.
Essas estranhas bondades são peculiares das pessoas
que não desenvolveram a confiança em suas idéias, intuições e vocações íntimas
e nunca se afirmam em si mesmas. Não admitem sua insegurança e, por isso, a
agressividade acaba quase sempre controlando suas reações. Vivem comportamentos
irreais e simulados, tenteando agradar a todos e fazendo da mentira uma
necessidade para viver. Pagam, porém, um preço fisiológico, ou seja, a somatização
das raivas e fragilidades que mantêm fantasiadas em candura e amabilidade.
Um
comportamento exagerado de um indivíduo geralmente significa o oposto do que
ele demonstra e confessa.
Os
inseguros não escolhem as leis que regem sua conduta. Distanciados cada vez
mais de uma vida autônoma, submetem-se a princípios e a pessoas diferentes de
seu modo de pensar.
Usar
a nossa própria intimidade para nos guiar, lançar mão de nossas sensações,
emoções e sentimentos é a chave essencial que nos dará segurança.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: www.motivo.me
2 comentários:
Pois é amiga Denise, realmente nada acontece por acaso, tudo tem uma explicação. Daí o erro de prejulgar ou perseguir os indivíduos por suas condutas, já que a correção comportamental terá de ocorrer no foro íntimo.
Um abraço. Tenhas uma semana abençoada.
Graças a Deus, meu pai nunca me obrigou a comer
carne porco (argh!).
Talvez por isso, hoje não entendo pais obrigando
crianças a comer o que não gosta.
Dar o exemplo,
tá certo. Se é bom fazer, que os adultos façam.
Obrigar, porém, não faz sentido.
Por outro lado,
nota-se hoje em dia, pais permitindo que as
crianças façam tudo que der na telha.
Não, assim também não!
Criança tem que ser, antes de tudo, orientada.
Beijos.
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