Emoções e sentimentos são simples e primários; são
como são, não adianta enfeitá-los ou tentar explicá-los. O desenvolvimento,
porém, da nossa maneira de sentir agindo se forma de acordo com nosso grau
evolutivo somado à nossa vontade e ao ambiente em que vivemos.
Ninguém sente emoções somente em determinadas partes
do corpo, mas sim em todo o organismo. No entanto, a mesma emoção pode provocar
atitudes completamente diversas nas pessoas. Durante uma apresentação teatral
ou musical, podemos observar as mais controvertidas emoções na platéia diante
das mesmas circunstâncias de estímulo. Os seres humanos são espíritos milenares
que vivem temporariamente em corpos transitórios; essa a razão da diversidade
de sentimentos.
Em caso de
falecimento de entes queridos, chorar de modo intenso é uma emoção
perfeitamente compreensível. Porém, se aprendemos com adultos preconceituosos
que homens nunca devem chorar, reprimimos nossas emoções naturais e passamos a
criar barreiras psicológicas em nossa vida íntima. É saudável, pois, em certas
circunstâncias, demonstrar tristeza; reprimi-la é doentio.
Não estamos nos referindo aos comportamentos
espetaculares de exibição dramática, mas à necessidade de expressar a dor da
separação.
Muitos escondem suas lágrimas, pois querem demonstrar
a seus amigos e familiares que são altamente espiritualizados. Afirmam que o
choro é reação anormal de criaturas revoltadas. Na verdade, esse julgamento
infeliz é observado nos denominados juízes ideológicos; perderam suas conexões
com a sensibilidade.
Alguns aprenderam que não devemos chorar pelos nossos
mortos queridos, pois lhes ensinaram que, enquanto permanecerem derramando
lágrimas, seus afetos não ficarão em paz. O verdadeiro problema que se
estabelece é a rebeldia e a inconformação perante as Leis da Vida, não as
lágrimas que derivam da saudade e do amor que nutrimos pelos seres que
partiram.
Outros reagem ante os funerais de familiares com um
entorpecimento emocional, não derramando uma lágrima sequer. Pessoas podem
acusá-los de indiferentes e insensíveis, por não conseguirem avaliar o cansaço
físico excessivo dessas criaturas naquele momento, pelas noites e noites
desgastantes que viveram durante a longa doença do afeto que partiu.
Outros ainda tomam atitudes de contagem impassível
diante da dor, por terem aderido a doutrinas estóicas. Posteriormente, no
entanto sentem-se culpados, porque não choraram o quanto queriam chorar.
Para os que tem fé e aceitam a vida após a morte, a
separação é vista de forma temporária, ficando mais fácil para eles superarem
os momentos dolorosos do adeus na desencarnação. Sabem que o progresso é
inevitável e, por isso, consideram a morte o fim de uma etapa e o início de
outra melhor.
As lágrimas são mensageiras da saudade, são as águas
cristalinas do coração, que surgem das profundezas de nossa alma.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: osceticos.blogspot.com
2 comentários:
A sociedade nos convida e esconder sentimentos.
Gostei do texto, obrigado.
Beijinhos
Felizmente, essa noção de que 'os homens não devem chorar'
nunca me foi ensinada, e pra mim soa apenas como
título de música.
Igualmente, os ensinamentos de que "Fantasmas não existem"
e "Tempo é dinheiro" sempre me parecem conceitos
norte americanos, e não fazem parte da minha história.
Parece que o mundo fica mais saudável sem omalias.
Beijos.
essas an
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