(J. Herculano Pires)
Agora, que as clausuras religiosas começam a se abrir e o isolamento
sacerdotal se converte em vivencia social, seria curioso se os espíritas
instituíssem um sistema de segregação para os médiuns; tanto mais que o Espiritismo
é uma doutrina aberta, só comparável ao Cristianismo primitivo dos tempos em
que Jesus e os seus discípulos viviam no meio do povo, servindo
à Deus no serviço aos homens.
A mediunidade não e privilégio, não é concessão especial, mas
faculdade humana natural. Todos a possuímos, em maior ou menor grau, conforme
as nossas necessidades. Assim como devemos empregar a nossa inteligência e as
nossas habilidades ao serviço do próximo, assim também devemos utilizar a nossa
mediunidade na boa orientação das relações sociais. O médium isolado seria um
contra senso, como a lâmpada sob o alqueire de que nos fala o Evangelho. Sua
função não é esconder a luz que possui, mas irradia-la em benefício de todos.
A missão mediúnica é semelhante a todas as demais missões que o
Espírito, ao encarnar, traz para a Terra. A natureza social da mediunidade
condiciona o médium a todas as exigências das relações humanas. Na verdade, a
sociabilidade atinge na mediunidade o seu mais alto grau, pois o médium é o
individuo colocado a serviço de duas coletividades, a visível e a invisível. Sua
função social transcende o plano horizontal das relações existenciais,
estabelecendo as relações do plano vertical entre os homens e os Espíritos. E
essas relações, até ontem consideradas sobrenaturais, são hoje reconhecidas
como naturais, comuns a todas as criaturas.
Como acentua Emmanuel, os médiuns, por mais elevados que sejam, não
passam de criaturas em resgate dos erros do passado. Isolá-los, negar-lhes o
direito a vida normal dos homens, furtá-los a experiência da vida, seria
regredirmos no tempo, esquecendo os princípios fundamentais do Espiritismo para
cairmos de novo no conceito errôneo dos privilégios espirituais. Mediunidade é
serviço, mas sobretudo serviço fraterno – que só pode ser realizado com
proveito no ombro a ombro da vida comum.
Fonte: Na Era do
Espírito – Chico Xavier/José Herculano Pires
imagem: google
Um comentário:
Pois é, amiga Denise, ainda há gente com uma visão distorcida da mediunidade, mas é justamente pela falta de conhecimento básico do processo da espiritualidade.
Um abraço e paz.
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