Adversidade é lição para a vida e adversários são mestres que proporcionam o treinamento no bem, sem o concurso do aplauso ou da bajulação habituais, dificultando o trabalho honorável do servidor fiel.
Esses irmãos infelizes que se propõem envenenar-te os sentimentos com a sua pertinaz perseguição merecem compaixão em vez de reproche ou de animosidade.
Se é verdade que não lhes deve facultar um relacionamento pusilânime, não é justo devolveres os seus pensamentos enfermiços com outros do mesmo gênero.
Sofres, porque gostarias de servir sem a presença desse tipo de tribulação.
Choras, porque os teus são anseios de construção do amor em toda a parte, e no entanto sentes o amargor da calúnia que te antecede os passos, da maledicência que te aturde quando lhe tomas conhecimento, ou da zombaria depois que vais adiante.
O melhor comportamento em tais circunstâncias é não valorizar o mal nem aquele que se te fez mau.
Concede-lhe o privilégio de ser como se encontra, mas te impõe o dever de ser fiel ao compromisso com Jesus, que também experimentou iguais ofensas sem dar-lhes a menor importância.
Gastas tempo e preocupação mental com esses companheiros que te vigiam e acusam, que te acompanham com insistência e infernizam os momentos em que trabalhas e quando repousas.
Ficas indagando como conduzir-te, desde que, se silencias ao mal e ao dano que reinam, acusam-te de omisso, mas se levantas a voz e proclamas a verdade, taxam-te de intolerante e mentiroso.
Desse modo, faze o que deves e comporta-te conforme estabelece o teu programa ante a consciência do dever.
Esses adversários dos teus objetivos não são apenas opositores teus, mas, sem dar-se conta, daquele a quem procuras servir, que os entende e concede-lhes tempo para a reabilitação.
Aprende, portanto, com os inimigos, fraternidade legítima, compreensão gentil, exercitando sempre a compaixão.
Na aduana da caridade, a misericórdia e o amor dão-se as mãos, a fim de ensejarem à virtude máxima a ocasião de expressar-se.
Constituam-te estímulo o serviço desses mestres desconhecidos, apurando-te mais, qualificando-te melhor, a fim de produzires com segurança na seara da elevação espiritual da humanidade.
Ninguém atravessa o rio carnal sem experimentar a correnteza violenta sobre a qual navega o espírito.
Todos os homens e mulheres afeiçoados ao bem pagaram o pesado tributo da diferença entre eles e os que os cercavam, à época em que viveram e àquela pela qual anelavam, e é graças a eles que percorres os atuais caminhos por onde segues em júbilo e dores, porém fixado na meta que te fascina.
Do livro: Entrega-te a Deus
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis
Nenhum comentário:
Postar um comentário