Ainda que não desejemos estabelecer julgamentos, nosso estágio evolutivo caracteriza-se por um seqüestro emocional, no qual somos reféns de processos mentais que ainda não adquirimos completo controle. Quando ativamos o mecanismo mental de julgar, gravamos no psiquismo um modo de agir que aplicamos, igualmente, a nós próprios. E quando Jesus estabeleceu o não julgamento, Ele, naturalmente, queria poupar-nos deste cárcere que detonamos contra a nossa própria felicidade. Aliás, muitos sentimentos de culpa e repressão que patrocinam a auto-descaridade tem origem nesse intruncado engenho da auto-sugestão mental.
A angústia nasce quando não se sabe como fazer, ante o que já sabe que deve fazer.
Julgar seria o hábito de interpretar as atitudes alheias conferindo-lhes juízos de apreciação pessoal. Esses juízos são formulados através de sentenças que estipulam o que entendemos sobre a ação do outro. Impossível para nós fazer esses julgamentos sem influência dos valores e imperfeições que definem nossa personalidade, acrescidos dos interesses pessoais e das expectativas que criam a conveniência no ato de julgar. Assim compreende-se claramente porque não devemos julgar, pois falharemos na forma, na proporção e na conclusão. Além do que a pior conseqüência desse ato, em nosso desfavor, será a instalação do mecanismo mental de aplicar a nós próprios as censuras e recriminações destinadas ao outro, com as mesmas molduras éticas e sentimentos.
Julgar é situar a mente na inflexibilidade, analisar é buscar a compreensão do subjetivismo do próximo.
Julgar é concluir. Analisar é perquirir.
Nos julgamentos temos certezas. Na análise encontramos a relativização.
Nos julgamentos temos sentenças. Na análise temos alteridade.
O desejo inferior de reduzir o valor alheio é das causas mais comuns na atitude de julgar, enquanto a ação de analisar conduz-nos à lealdade em relação aos sentimentos que experimentamos com quem tenhamos conflitos.
O compromisso impostergável para a saúde dos relacionamentos reside na capacidade de resistir aos apelos do pessimismo e do descrédito, no que tange a quem é alvo dos nossos julgamentos.
Essa polarização mental no arbítrio de juízos sobre o outro ativa o remanescente de vivências similares arquivadas na subconsciência. Mediante semelhante quadro, o juiz intransigente que acusa e decide extermina lavouras férteis na vida de relações. A vigília permanente sobre a dinâmica dos sentimentos torna-se imperiosa e emergente para não deflagrar a mane emocional que encharcará a tela dos pensamentos de planos infelizes, na direção do separatismo e da desconfiança, da dissidência e do esfriamento do amor, além das mentalizações que passam a gravitar na órbita da animosidade contida e da desafeição.
Transformemos os julgamentos em reflexões acicatando o comodismo no qual preferimos estagiar na obtenção de folgas para o raciocínio, quando deveríamos erigir momentos seletos, sob a tutela do estado de oração, na busca incansável das respostas que surgirão das perquirições e meditações de profundez desejável ao crescimento pessoal.
O exercício de priorizar, em cada aferição do próximo, alguma virtude ou atitude feliz será uma medida de segurança nessas incursões pelo mundo desconhecido de nós próprios.
Do livro: MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux
Um comentário:
boa noite Denise
forte abraço
elisa
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