De todas as violências que padecemos, as que fazemos
contra nós mesmos são as que mais nos fazem sofrer. Nessa crueldade, não se
derrama sangue, somente se constroem cercas e cercas, que passam a nos sufocar
e a nos afligir por dentro.
A covardia é mãe da crueldade. É assim que se inicia
nossa auto-agressão. Em razão de nossa fragilidade interior e de nossos
sentimentos de inferioridade, aparece o temor, que nos impede de expressar
nossas mais íntimas convicções, dificultando-nos falar, pensar e agir com
espontaneidade ou descontração.
A autocrueldade é, sem dúvida, a mais dissimulada de
todas as opressões. Além de vir adornada de fictícias virtudes (aparente
mansidão, paciência e serenidade), recebe também os aplausos e as considerações
de muitas pessoas, mas, mesmo assim, continua delimitando e esmagando
brutalmente. Essa atmosfera virtuosa que envolve os que buscam ser sempre
admirados e aceitos deve-se ao papel que representam incessantemente de
satisfazer e de contentar a todos, em quaisquer circunstâncias. Buscam
contínuos elogios, colecionando reverências e sorrisos forçados, mas pagam por
isso um preço muito alto: vivem distantes de si mesmos.
A causa básica do autotormento consiste em algo muito
simples: viver a própria vida nos temos estabelecidos pela aprovação alheia.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
2 comentários:
Pois é amiga Denise, não é fácil viver a vida segundo as necessidades materiais e espirituais, sem se importar com o aplauso ou apupo da platéia.
Um abraço. Tenhas um lindo fim de semana.
Texto muito profundo que, se bem refletido o tema, nos libertamos desse grilhões que a vaidade nos aprisionam
Muita paz!
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