A timidez pode ser considerada uma autocrueldade. O
acanhado vigia-se e, ao mesmo tempo, vigia os outros, vivendo numa autoprisão.
Em razão de ser aceito por todos, ele não defende sua vontade, mas sim a
vontade das pessoas. Pensa que há algo de errado com ele, não desenvolve a
autoconfiança e, continuamente, se esconde por inibição.
Pensar e agir, defendendo nosso íntimo e nossos
direitos inatos e, definindo nossas perspectivas pessoais, sem subtrair os
direitos dos outros, é a imunização contra a autocrueldade.
Para vivermos bem com nós mesmos, é preciso
estabelecermos padrões de auto-respeito, aprendendo a dizer não.
As criaturas que procuram bajulação e exaltação
martirizam-se para não cometer erros, pois a censura, a depreciação e a
desestima é o que mais as atemorizam. Esquecem-se de que os erros são
significativas formas de aprendizagem das coisas. É muito compreensível
faltarmos à lógica numa tomada de decisão, ou mudarmos de idéia no meio do
caminho; no entanto, quando errarmos, será preciso que assumamos a
responsabilidade pelos nossos desencontros e desacertos e apreendamos o
ensinamento da lição vivenciada.
Quem busca consenso, crédito e popularidade não julga
seus comportamentos por si mesmos, mas procura, ansiosamente, as palmas dos
outros, oferecendo inúmeras razões para que suas atitudes sejam totalmente
consideradas.
Vivendo e seguindo seus próprios passos, poderá
inicialmente encontrar dificuldades momentâneas, mas, com o tempo, será
recompensado com um enorme bem-estar e uma integral segurança de alma.
Estar alheio ou sair de si mesmo, na ânsia de ser
amado por todos aqueles que considera modelos importantes, será uma meta
alienada e inatingível. O único modo de alcançar a felicidade é viver,
particularmente, a própria vida.
A fixação que temos de olhar o que os outros acham ou
acreditam, sem possuirmos a real consciência do que queremos, podemos,
sentimos, pensamos e almejamos, é o que promove a destruição em nossa vida
interior, ou seja, o esfacelamento da própria unidade como seres humanos e, por
conseqüência, nossa unidade com a vida que está em tudo e em todos.
Pertencer-se a si mesmo, conforme nos asseveram os
espíritos, é exercer a liberdade de não precisar conciliar as opiniões dos
homens e de livrar-se das amarras da tirania social, da escravidão do
convencionalismo religioso, das vulgaridades do consumismo, da constrição de
ser dependente, enfim, do medo do que dirão os outros.
A solução para a autocrueldade será a nossa tomada de
consciência de que temos a liberdade por direito que vem da natureza. Contudo,
de quase nada nos servirá a liberdade exterior, se não cultivarmos uma
autonomia interior, porque quem está internamente entre grilhões e amarras jamais poderá pensar e agir
livremente.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
Um comentário:
tudo bem Denise
bom domingo
forte abraço
elisa
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