Todos necessitamos de viajar para dentro, a fim de nos descobrirmos, desidentificando-nos daquilo que nos oculta aos outros e a nós próprios.
Retraídos, em atitude defensiva, por falso apoio de raciocínios
incompletos, preferimos não permitir que pessoa alguma volte a magoar-nos, como
outras já o fizeram no passado.
Colecionamos, desse modo, ressentimentos e temores que nos levam a um
comportamento de autopiedade, marchando para um estado patológico de autodestruição.
Um enfrentamento consciente com nossas mágoas irá demonstrar-nos que elas não são verdadeiras, nem têm
sentido, sendo fruto da imaturidade e da presunção do ego que se atribui
merecimentos que não tem.
Normalmente, o que consideramos desrespeito dos outros em relação a nós,
resulta de nossa óptica equivocada ao observar os fatos, de precipitação ou
mesmo de certo grau de paranóia.
Constituído por estímulos, o nosso relacionamento é malsucedido, porque
não sabemos produzir o encontro, quando
nos acercamos de alguém.
Evitando abrir-nos à
relação, permanecemos suspeitosos e a nossa estimulação é negativa, provocando
uma resposta de rejeição.
Em processo de mudanças constantes, as pessoas são imprevisíveis, o que é
muito bom, pois que esse fenômeno proporciona novos descobrimentos e correções
de conceitos.
Quando nos apresentamos a alguém com sinceridade, esse alguém se nos
desvela com fidelidade. Um estímulo revigorante e dignificador provoca uma
correspondência equivalente.
Ao nos darmos a alguém, conhecido ou não, ofertamos uma parte, algo
valioso de nós.
Se a outra pessoa não souber responder, não há problema para nós, porque
verdadeiramente somos o que expressamos, de que nos não podemos arrepender,
nem nos devemos sentir magoados.
Aceitar o mau humor alheio é sintonizar com ele, permitir que nos digam e
imponham como devemos agir e nos comportar.
A nossa contribuição à sociedade é preservar-lhe a saúde na forma do
inter-relacionamento pessoal, educando os rudes e medicando os enfermos, os anti-sociais.
A mágoa é conseqüência da imaturidade psicológica e a atitude retraída,
desconfiada, resulta de predominância da nossa natureza animal sobre a natureza espiritual.
A conquista do self com
todos os seus atributos e possibilidades constitui a meta primordial da
existência terrena, em cuja busca devemos investir todo o potencial humano,
emocional, moral, intelectual.
Considerando-nos em constante
processo de crescimento, que decorre das experiências vividas e dos
conhecimentos hauridos, a nossa busca do ser espiritual que somos, torna-se-nos
imprescindível.
A vigilância em torno das armadilhas
do ego, hábil disfarçador de propósitos, constitui-nos um motivo para
superá-lo, a fim de fruirmos felicidade real.
Nesse sentido, a desidentificação
dos apegos e paixões surge como passo decisivo no programa de libertação. Para
o desiderato, o amor-próprio deve
ser revisto, a fim de ser substituído pelo auto-amor profundo, sem resquícios
egoísticos, geradores do personalismo doentio que nos leva a conflitos
perfeitamente evitáveis.
A reencarnação tem como objetivo a
autoconquista, que propicia a realização intelecto-moral recomendada por Allan Kardec como indispensável
à sabedoria, que sintetiza a aquisição do conhecimento com o amor.
Quando essa meta não é alcançada,
reencarna-se o ser e desencarna para retornar, em verdadeira roda de samsara, até quando as Leis
estabelecem expiações lenificadoras que interrompem o círculo vicioso, para
fomentar o progresso.
Surge o imperativo da dor em lugar
do amor, expressão inevitável para o progresso constante dos Estatutos
Divinos.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis
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