Os tabus sexuais, as velhas estruturas familiares, as
normas tradicionais do matrimônio, consideradas virtudes femininas,
estabeleceram, na formação educacional as mulheres, todo um comportamento de
dependência em relação aos homens. Elas centraram suas vidas em outros
indivíduos, preocupadas em receber proteção e cuidados, e destruíram. Com o
tempo, suas vocações e aptidões mais íntimas.
A capacidade de amar está presente na lama humana,
mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, aprimoramento
dos sentimentos. A forma como usamos nossos sentimentos é uma resposta
aprendida.
A criatura aprende a utilizar o amor através de um
processo que está diretamente relacionado com o ambiente em que viveu na
infância e com o em que vive hoje, somando-se a tudo isso a capacidade íntima
de aprendizagem. Portanto, estamos constantemente aprendendo a amar.
Paralelamente, sabemos que as diversas vivências
reencarnatórias sedimentam na alma humana certas predisposições singulares no
entendimento do amor. Os costumes, as tradições e os hábitos que envolvem o
namoro, o casamento, sexo e a família, completamente diferentes de nação para
nação. De continente para continente, estabelecem noções diversificadas sobre a
afetividade nos espíritos em sua longa marcha evolutiva.
Existem aqueles que colocaram o amor dentro de uma
estrutura romântica, ou seja, fazem prevalecer um sentimentalismo exagerado e
uma imaginação irreal, desprezando o significado dos sentimentos autênticos.
Eles acreditam que o casamento extingue por completo todas as adversidades e
infortúnios existenciais e que as ansiedades do cotidiano acabariam,
terminantemente, quando a cerimônia sacramentasse num abraço de ternura o
felizes para toda a eternidade.
A necessidade recíproca de controle, as promessas de
que renunciariam à própria individualidade e teriam os mesmos objetivos para
todo o sempre são os primeiros indícios de uma enorme desilusão na vida a dois.
Compromissos de amor são válidos, desde que aprendamos que nossa vida está em
constante renovação. Assim como as pessoas passam por diversas transformações,
também o amor que sentem pelos outros se transforma. Quanto mais observarmos os
ciclos da vida fora de nós, mais entenderemos as transformações que ocorrem em
nossa intimidade, porque nós também somos vida. Apenas desse modo, ficaremos
mais seguros e estáveis em relação ao nosso desenvolvimento e amadurecimento
afetivos.
A diferença fundamental entre amor e dependência é
observada com clareza nas ações e comportamentos das criaturas. A dependência
prende, possessivamente, uma pessoa à outra, enquanto o amor de fato incentiva
a liberdade, a sinceridade e a naturalidade. O dependente é caracterizado por
demonstrar necessidade constante e por reclamar sistematicamente a atenção do
outro.
O indivíduo dependente padece dos recursos psíquicos
de alguém para viver. Ele dirá eu o amo, mas, em realidade, quer dizer eu
preciso de você, ou mesmo, eu não vivo sem você. O amor real baseia-se no
sentimento compartilhado entre duas pessoas maduras, ao passo que o amor
dependente implora consideração e carinho, infantilmente.
Os legítimos sentimentos da alma nunca se sujeitam a
ordenações e imposições, mas sim a uma completa espontaneidade de atitudes e
emoções. Dependência gera dores na alma; já a liberdade para amar é um direito
natural de todos os filhos de Deus.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: google
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