O homem empenha-se, afanosamente, para vencer o
sofrimento, que se lhe apresenta como adversário soez.
Em todas as épocas, ele vem travando uma violenta
batalha para eximir-se à dor, em contínuas tentativas infrutíferas, nas quais
exaure as forças, o ânimo e o equilíbrio, tombando depois em mais graves
aflições.
Passar incólume ao sofrimento é a grande meta que
todos perseguem. Pelo menos, diminuir-lhe a intensidade ou acalmá-lo, de modo a
poder fruir os prazeres da existência em incessantes variações.
Imediatista, interessa-lhe o hoje, sem visão do
porvir.
Como efeito, o sofrimento tem sido considerado
vingança ou castigo divino, portanto, credor de execração e ódio.
Diversas escolas filosóficas e doutrinas religiosas,
estabeleceram métodos depuradores para a
libertação do sofrimento, que vão desde as mais bárbaras flagelações –
silícios, holocaustos, promessas e oferendas – ao ascetismo mais exacerbado,
procurando negar o mundo e odiá-lo, a fim de, com essas atitudes, acalmarem e
agradarem aos deuses ou a Deus.
Paralelamente, o estoicismo, herdeiro de alguns
comportamentos orientais, tentou imunizar o homem, estimulando-o a uma conduta
de graves sacrifícios que, sem embargo, é desencadeadora também de sofrimento.
Para liberar-se desse adversário, a criatura impõe-se
outras formas de dor, que aceita racionalmente, por livre opção, não se dando
conta do equívoco em que labora.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
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