Cap.
VII – Item 11
O melindre – filho do
orgulho – propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que
se contrapõe ao interesse geral.
Assim, quando o
espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se
melhor que a própria tarefa libertadora em que se consola e esclarece.
O melindre gera a
prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés de
aboli-los. Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência,
estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.
Evitemos tal
sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser.
Basta ligeira
observação para encontrá-la a cada passo:
É o diretor que tem a
sua proposição refugada e se sente desprestigiado, não mais comparecendo às
assembléias.
O médium advertido
construtivamente pelo condutor da sessão, quanto à própria educação mediúnica,
e que se ressente, fugindo às reuniões.
O comentarista
admoestado fraternalmente para abaixar o volume da voz e que se amua na
inutilidade.
O colaborador do
jornal que vê o artigo recusado pela redação e que se supõe menosprezado,
encerrando atividades na imprensa.
A cooperadora da
assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra
ferida, caindo na indiferença.
O servidor do templo
que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação
espiritual e se desgosta por sentir-se infantilmente injuriado.
O doador de alguns
donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado,
esquivando-se a nova cooperação.
O pai relembrado pela
professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e
que, por isso, se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança.
O jovem aconselhado
pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da
experiência.
A pessoa que se sente
desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos
horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a
fim de prover a própria subsistência.
O amigo que não se
viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado,
englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa
é a hora de auxílio mais amplo.
O espírita que se
nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.
Devemos perdoar e
esquecer se quisermos colaborar e servir.
A rigor, sob as
bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre
auxiliados.
Ninguém vai a um
templo doutrinário para dar, primeiramente.
Todos nós aí
comparecemos, antes de tudo, para receber, sejam quais forem as circunstâncias.
Fujamos à condição de
sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranqüilidade da
consciência, sustentada pelo dever cumprido.
Com a humildade não
há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém.
Cabe-nos ouvir a
consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre
surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou
aparentemente desnecessárias.
E para terminar, meu
irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes
desacertos...
Cairbar Schutel
Fonte:
O Espírito da Verdade
Francisco
Cândido Xavier - Waldo Vieira
imagem: google
Um comentário:
Belo texto ...Precisamos ser humildes e aceitar as lições que nos chegam.
Um abraço.
Élys.
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