Grande parte das nossas dificuldades atuais são
causadas por nós mesmos, na busca incessante por facilidades e confortos
materiais. Para ganhar dinheiro, fama e poder, muitas vezes ofendemos, fazemos
escolhas equivocadas, somos egoístas, impiedosos e orgulhosos. É justo que, no
curso de uma nova existência, resgatemos nossos débitos com as criaturas e até
conosco mesmo, entendendo que somos responsáveis por tudo que sentimos,
pensamos e fazemos. Isso explica também as nossas provações e passamos a
enxergar a Terra como um imenso território adequado para abrigar espíritos em
evolução para a perfeição possível. Neste mundo de expiações e de provas, ainda
há a necessidade de experiências dolorosas e desagradáveis, para que os
espíritos descubram o prazer de fazer o bem e de viver como irmãos. Enquanto
permanecer na rebeldia e não agradecer o benefício da aflição momentânea, a
criatura irá de ações e reações, sofrendo o que fez sofrer, colhendo do que plantou,
até compreender que somente dela depende libertar-se das aflições desta vida.
Em suma, todas as atribulações de nossa vida terrena são consequências de
nossas faltas. Quando volvemos nosso olhar para os missionários do mundo
moderno, que tanto sofreram dores físicas com enfermidades terríveis, mister se
faz lembrar da afirmação de Kardec de que muitas dessas aflições são provas
escolhidas pelos próprios espíritos, que as pediram para apressar seu
adiantamento ou para concluir processos purificatórios.
Por último, muito embora o capítulo 5, do Evangelho
Segundo o Espiritismo jamais nos permitirá ser tão conclusivos, é fundamental
entender a diferença entre prova e expiação. Expiação é sofrer as consequências
de nossas faltas, passar pelos mesmos sofrimentos causados a nós ou aos outros,
para que desperte em nós a consciência do sofrimento que provocamos,
aproveitando as oportunidades para reparar os males causados, corrigindo-nos e
prosseguindo em nossa evolução em melhores condições. Já as provações são
testes de avaliação do aprendizado, passando pelas mesmas dificuldades que
deram origem às ações negativas para resolvê-las, sem ferir a ninguém,
usando-as para o desenvolvimento das nossas qualificações intelectuais e morais.
Kardec ensina que “a expiação serve sempre de provas, mas a prova nem sempre é
uma expiação. Mas provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade
relativa, pois aquele que é perfeito não precisa ser provado”. Por tudo isso,
entender que “bem-aventurados os aflitos” é entender Deus e reconhecer a necessidade de
resignar-se; submeter-se, voluntariamente, às Suas leis, compreendendo que
sendo Ele, o Absoluto na perfeição e causa de tudo que existe, por certo não
comete erros ou enganos e Suas leis sábias e amorosas se obedecidas, hão de nos
levar à felicidade. Esta é a resignação preconizada pelo espiritismo, uma
submissão ativa, fruto do entendimento dos objetivos da vida e dos seres,
assimilando a promessa de Jesus quando oferta as bem-aventuranças aos que
sofrem, aos aflitos. O Mestre não espera que não choremos pela dor, mas nos
pede para que tentemos sorrir pela benção da oportunidade de ressarcimento das
dívidas do passado, entregando-nos à vontade do Pai. A resignação é a coragem
da virtude. (Caibar Schutel)
Orlando Ribeiro
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – abril/2016
imagem: google
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