Uma mulher, em meio de sofrimentos
acerbos, apelara para Deus a fim de que se modificasse a volumosa cruz de sua
existência. Como a filha de Cipião, vira nos filhos as joias preciosas da sua
vaidade e do seu amor; mas, como Níobe, vira-os arrebatados no torvelinho da morte, impelidos pela fúria
dos deuses. Tudo lhe falhara nas fantasias do amor, do lar e da aventura.
- Senhor – exclama ela -, por que me
deste uma cruz tão pesada? Arranca dos meus ombros fracos esse insuportável
madeiro!
Mas, mas nas asas brandas no sono, a
sua alma de mulher viúva e órfã foi conduzida a um palácio resplandecente. Um
Anjo do Senhor recebeu-a no pórtico, com a sua benção. Uma sala luminosa e
imensa lhe foi designada. Toda ela se enchia de cruzes. Cruzes de todos os feitios.
- Aqui – disse-lhe uma voz suave – se
guardam todas as cruzes que as almas encarnadas carregam na face triste do
mundo. Cada um desses madeiros traz o nome do seu possuidor. Atendendo, porem,
à tua súplica, ordena Deus que escolhas aqui uma cruz menos pesada do que a
tua.
A mulher preferiu, conscientemente,
aquela cujo peso competia com suas possibilidades, escolhendo-as entre todas.
Mas, apresentando ao Mensageiro Divino
a de sua preferência, verificou que na cruz escolhida se encontrava esculpido o
seu próprio nome, reconhecendo a sua impertinência e rebeldia.
- Vai – disse-lhe o Anjo – com a tua
cruz e não descreias! Deus, na sua misericordiosa justiça, não poderia macerar
os teus ombros com um peso superior às tuas forças.
Fonte: Crônicas de Além Túmulo – Chico Xavier/Humberto de
Campos
imagem: google
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