A alma, como dissemos, vem de Deus; é
em nós o princípio da inteligência e da vida. Essência misteriosa, escapa à
análise, como tudo que se origina do Absoluto. Criada pelo amor, criada para
amar, tão diminuta que pode ser aprisionada em uma forma limitada e frágil, tão
grande que, com um impulso de seu pensamento, abrange o infinito, a alma é uma
parcela da essência divina projetada no mundo material.
A alma persegue sua marcha evolutiva,
percorre as inúmeras estações de sua viagem e vai rumo a um objetivo grande e desejável,
um objetivo divino, que é a perfeição.
O objetivo da evolução, a razão de ser
da vida, não é a felicidade terrestre – como muitos acreditam erroneamente –,
mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos
realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da
alegria e da dor, até que estejamos inteiramente desenvolvidos e elevados ao
estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o
instrumento, por excelência, da educação e do progresso, um estimulante para o
ser, que sem ele permaneceria retardado nos caminhos da sensualidade. A dor
física e moral forma nossa experiência. A sabedoria é o prêmio. Livre dentro
dos limites que as leis eternas determinam, ele se torna o arquiteto de seu
destino. Seu adiantamento é sua obra. Nenhuma fatalidade o oprime, a não ser a
de seus próprios atos, cujas conseqüências nele recaem. Mas só pode desenvolver-se
e crescer na vida coletiva com a cooperação de cada um e em proveito de todos. A
matéria é o obstáculo útil; ela provoca o esforço e desenvolve a vontade,
contribui para a elevação dos seres, impondo-lhes necessidades que os obrigam a
trabalhar.
Fonte: O
PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
LÉON DENIS
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