O homem é o único animal ético existente.
Para adquirir a condição de uma consciência ética é convidado
a desafios contínuos, graças aos quais discerne o bem do mal, o belo do feio, o
lógico do absurdo, imprimindo-se um comportamento que corresponda ao seu grau
de compreensão existencial.
Aprofundando-se no exame dos valores, distingue-os.
passando a viver conforme os padrões que estabelece como indispensáveis às
metas que persegue, porqüanto pretende constituir-lhe a felicidade.
A fim de lograr o domínio desses legítimos valores, aplica
outra das suas características essenciais, que é o de ser um animal biossocial.
A vida de relação com os demais indivíduos é-lhe essencial
ao progresso ético.
Isolado, asselvaja-se ou entrega-se a uma submissão indiferente,
perniciosa.
As imposições do relacionamento social exterior, sem
profundidade emocional, respondem por esta explosão fóbica, face à ausência de
segurança afetiva entre os indivíduos e à competição que grassa, desenfreada,
fazendo que se veja sempre, no atual amigo, o potencial usurpador da sua
função, o possível inimigo de amanhã.
Tal desconfiança arma as pessoas de suspeição, levando-as
a uma conduta artificial, mediante a qual se devem apresentar como bem
estruturadas emocionalmente, superiores às vicissitudes, capazes de enfrentar
riscos, indiferentes às agressões do meio, porque seguras das suas reservas de
forças morais.
Gerando instabilidade entre o que demonstram e aquilo que
são realmente, surge o pavor de serem vencidas, deixadas à margem,
desconsideradas. O mecanismo de fuga da luta sem quartel apresenta-se-lhes como
alternativa saudável, por poupar-lhes esforços que lhes parecem inúteis, desde
que não se sentem inclinadas a usar dos mesmos métodos de que se crêem vítimas.
Simultaneamente, as atividades trepidantes e as festas
ruidosas mais afastam os amigos, que dizem não dispor de tempo para o
intercâmbio fraternal, a assistência cordial, receosos, por sua vez, de
igualmente tombarem, vitimados pelo mesmo mal que os ronda, implacável.
Nestas circunstâncias, mentes desencarnadas, deprimentes,
se associam aos pacientes, complicando-lhes o quadro e empurrando-os para as
psicoses profundas, irreversíveis.
A desumanização do homem, que se submete aos caprichos
do momento dourado das ilusões,
conspira contra ele próprio e o seu próximo, tornando esta a geração do medo, a
sociedade sem destino.
Do livro: O Homem
Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
Um comentário:
estamos lendo ....
forte abraço
elisa
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