Todo espírito que deseja progredir
trabalhando na obra de solidariedade universal recebe dos espíritos mais
elevados uma missão particular, apropriada às suas aptidões e ao seu grau de adiantamento.
Alguns têm por tarefa acolher os
espíritos em seu retorno à vida espiritual, guiá-los, ajudá-los a se
desprenderem dos fluidos espessos que os envolvem; outros são encarregados de
consolar, instruir as almas sofredoras e atrasadas. Espíritos de químicos, físicos,
naturalistas, astrônomos, prosseguem em suas pesquisas, estudam os mundos, suas
superfícies, suas profundezas ocultas, atuam em todos os lugares sobre a
matéria sutil, que fazem passar por preparações, modificações destinadas a
obras que a imaginação humana teria dificuldades em imaginar. Outros se aplicam
às artes, ao estudo do belo sob todas as suas formas.
Espíritos menos evoluídos auxiliam os
primeiros em suas tarefas variadas e lhes servem de auxiliares. Um grande
número de espíritos se consagra aos habitantes
da Terra e dos outros planetas, estimulando-os em suas
pesquisas, fortalecendo os ânimos abatidos, guiando os hesitantes pelo caminho
do dever. Aqueles que praticaram a medicina e possuem o segredo dos fluidos
curativos, reparadores, ocupam-se mais especialmente dos doentes.
A mais bela de todas as missões é a
dos espíritos de luz. Vêm dos espaços celestes para trazer à humanidade os
tesouros de sua ciência, de sua sabedoria, de seu amor. Sua tarefa é um sacrifício
constante, porque o contato dos mundos materiais é penoso para eles; porém,
encaram todos os sofrimentos por dedicação aos seus protegidos, a fim de
assisti-los em suas provas e infiltrarem no coração deles grandes e generosas
intuições.
É justo atribuir-lhes esses clarões de
inspiração que iluminam o pensamento, esses desafogos da alma, essa força moral
que nos sustenta nas dificuldades da vida. E quanto mais esses seres
espirituais se elevam, mais sua tarefa se acentua, mais suas missões aumentam
de importância.
Para o espírito mais inferior, assim
como para o mais importante, o domínio da vida não possui limites. Seja qual
for a altura a que tenhamos chegado, sempre há um plano superior a ser alcançado,
uma nova perfeição a ser realizada. À medida que ela vai se distanciando das
esferas inferiores, onde reinam as influências pesadas, onde se agitam as vidas
grosseiras, banais ou culpadas, as existências de lenta e penosa educação, a
alma vai percebendo as altas manifestações da inteligência, da justiça, da
bondade e sua vida se torna cada vez mais bela e divina. Os murmúrios confusos,
os ruídos discordes dos centros humanos vão pouco a pouco se enfraquecendo para
ela, até se extinguirem por completo; ao mesmo tempo,
começa a perceber os ecos harmoniosos das sociedades celestes. É o limiar das
regiões felizes, onde reina uma eterna claridade, onde paira uma atmosfera de
benevolência, de serenidade e de paz,
onde todas as coisas saem perfeitas e puras das mãos de
Deus.
Desde que os laços materiais estejam
rompidos, a alma pura faz seu vôo para as regiões mais altas; lá, vive uma vida
livre, pacífica, intensa, ao lado da qual o passado terrestre lhe parece apenas
um sonho doloroso. Na demonstração das ternuras recíprocas, numa vida isenta de
males, de necessidades físicas, a alma sente suas faculdades se multiplicarem;
elas adquirem uma aptidão e uma extensão que os fenômenos de êxtase nos fazem entrever
os esplendores velados.
A linguagem do mundo espiritual é a
das imagens e dos símbolos, rápida como o pensamento. É por isso que nossos guias
espirituais se servem de preferência de representações simbólicas para nos
prevenir, no sonho, de um perigo ou de uma desgraça. O éter, fluido brando e
luminoso, toma com extrema facilidade as formas que a vontade lhe imprime. Os
espíritos comunicam-se entre si e compreendem-se por processos diante dos quais
a arte oratória mais perfeita, toda a magia da eloqüência
humana pareceriam apenas um balbuciar grosseiro.
Tudo é graduado na vida espiritual. A
cada grau de evolução do ser para a sabedoria, para a luz, para a santidade,
corresponde um estado mais perfeito de seus sentidos receptivos, de seus meios
de percepção. O corpo fluídico, cada vez mais transparente, cada vez mais
diáfano, deixa passagem livre às radiações da alma. Daí uma aptidão maior para
apreciar, para compreender os esplendores infinitos; daí uma lembrança mais
viva do passado, uma familiarização cada vez maior com os seres e as coisas dos
planos superiores, até que a alma, em sua progressão, tenha atingido as
altitudes supremas.
Quando atinge essas alturas, o
espírito vence toda paixão, toda tendência para o mal; ele libertou-se para
sempre do domínio material e da lei dos renascimentos. É a entrada definitiva
nos reinos divinos, de onde só descerá voluntariamente ao círculo
das gerações para desempenhar missões sublimes.
Fonte: O
PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
LÉON DENIS
2 comentários:
Denise que alegria estar aqui, esta postagem fez-me refletir, nossa que dificuldade terei eu para conseguir ao menos não cair, como são maravilhosos estes irmãos que apesar de toda luz alcançada se sacrificam por nós espíritos atrasados, que vivemos insistindo em nossos erros, que o Pai tenha misericórdia é o que peço, e só tenho direito disto pedir, beijos meu anjo, Luconi
Denis não apela à emoção, mas à razão.
aí eu fico pensando: Parece que a única missão que eu recebi foi aperfeiçoar a mim mesmo.
Não sei se consegui alguma coisa nesse tópico, mas que dá um trabalho danado, isso dá!
Beijos.
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