O espírito adiantado possui fontes de
sensações e de percepções infinitamente mais extensas, mais intensas do que as do
homem terrestre. Quanto à diferença de
percepção nas impressões, já podemos fazer uma idéia pelos sonhos chamados
“emotivos”. A alma, quando está desprendida, embora parcialmente, não somente
percebe, mas também sente com uma intensidade mais viva que no estado de
vigília. Cenas, imagens, quadros que, quando estamos acordados, nos
impressionam fracamente, tornam-se no sonho causas de alta satisfação ou de
vivo sofrimento. Isso nos dá uma idéia do que pode ser a vida do espírito e
seus modos de sensação quando, livre do envoltório carnal, sua memória e sua consciência
recuperam a plenitude de suas vibrações. Compreendemos desde então como a
reconstituição das lembranças do passado pode se tornar uma fonte de tormentos.
A alma traz em
si mesma seu próprio juiz, a marca gravada e infalível de
suas obras, boas ou más.
Isso foi constatado em acidentes que
podiam ter causado a morte. Em certas quedas, durante a trajetória do corpo
humano a partir de um ponto elevado acima do solo, ou então na asfixia por
submersão, a consciência superior da vítima passa em revista toda a vida
passada com uma rapidez espantosa. Ela a revê completamente
em poucos segundos, nos seus mínimos detalhes.
Tudo o que o espírito fez, quis,
pensou reflete-se nele. Semelhante a um espelho, a alma reflete todo o bem e
todo o mal realizados. Essas imagens nem sempre são subjetivas; pela
intensidade da vontade, podem revestir um caráter substancial. Elas vivem e se
manifestam, para nossa felicidade ou nosso castigo.
Tendo se tornado transparente no além,
a alma julga a si mesma, assim como é julgada por todos aqueles que a
contemplam. Apenas em presença de seu passado, vê reaparecer todos os seus atos
e suas conseqüências, todos os seus erros, até
mesmo os mais ocultos. Para o criminoso não há descanso
nem esquecimento; sua consciência, como um justiceiro impiedoso, o persegue
incessantemente. Em vão procura escapar às suas obsessões; seu suplício só
poderá acabar se o remorso se
converter em arrependimento e se ele aceitar novas provas
terrestres, o único meio de reparação e de regeneração.
Fonte: O
PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
LÉON DENIS
Um comentário:
Amiga Denise, passando por aqui para aprender. Um abraço. Tenhas um ótimo fim de semana.
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