É comum um casal de namorados, na fase de amor
intenso, comer no mesmo prato, usar o mesmo talher e, às vezes, até usar a
mesma escova de dentes.
Quem poderia imaginar que mais tarde, já casados,
eles se separariam e se tornariam
inimigos passando, inclusive, a odiar um ao outro. Quanto maior o amor que
sentiam, mais ódio animará a relação de ex-marido e ex-esposa.
A vida é assim, a qualquer momento podemos ser
traídos. Traídos por quem? Pelas pessoas estranha? Não seria traição, pois não
devotamos qualquer devoção a estranhos.
Podemos, sim, ser traídos pelas pessoas que mais amamos. Mas, por que isto
acontece? Porque elas são humanas e o ser humano é frágil.
Olhe para trás, veja quantas vezes já pisou na bola
com as pessoas amadas e teve de pedir perdão para manter o relacionamento. O
ato de pedir perdão é uma das mais belas provas de humildade.
Esse ato demonstra como é grande a pessoa que está
pedindo perdão. Mas, só terá coragem de pedir perdão quem perdoar sempre. Quem
não perdoa será traído pela consciência quando precisar pedir perdão. Quando
alguém nos faz mal, o fato de perdoarmos não vai liberar a pessoa de responder
perante a Justiça Divina pelo mal que nos fez.
Quando pedimos perdão não seremos libertos da dívida
que contraímos ao fazer a outra pessoa sofrer. Mas então para que perdoar? A
mágoa mantém algemadas as duas pessoas, quem feriu e quem foi ferida. O
agressor muitas vezes nem vai se lembrar do ato cometido mas o agredido vai
ficar noites acordado lembrando do ocorrido.
É como se ele gravasse o acontecimento e assistisse
ao replay, várias vezes, exaustivamente. Porque cada vez que se lembra sente
tudo novamente. Daí a expressão ressentimento, ressentir, sentir de novo. Toda
a adrenalina, a perna bamba, o batimento cardíaco acelerado se repete várias
vezes, causando males incalculáveis àquela pessoa que foi ferida pelo agressor.
É como se atraísse o sofrimento para si em um
processo masoquista. Quando se perdoa ocorre a libertação da imagem que causou
tanta violência no corpo e na alma. Mas, como perdoar algum eu não merece o
nosso perdão? Não é por ela que se deve perdoar, é por você mesmo. O perdão é
um processo que exige disciplina e muita força de vontade.
Primeiro, inicie justificando o erro da pessoa que
lhe fez mal. Repita diariamente, mesmo sem vontade, as seguintes frases: “Ele
não fez por querer”, “Talvez esteja passando por muitos problemas”. No início
você fará de má vontade mas, aos poucos, sentirá o que está verbalizando.
Pense que a pessoa não fez por mal mas por
fragilidade no coração e que, se você estivesse no lugar dela, talvez teria a
mesma atitude. Fazendo isto, diariamente, com o passar de mais ou menos três
meses, sentirá uma leveza tão grande. Será como se houvessem retirado um peso
de 50 kg de suas costas. A vida ficará mais leve e novos horizontes se abrirão
a você.
Perdoar é como jogar no lixo alimentos que já estão
estragados e que podem estragar os demais. Perdoe, sinta-se leve e seja feliz.
Do livro: Terapêutica
do Perdão – Aloísio Silva
imagem: google
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