Cap.
IV – Item 18
Sorves, em lágrimas
silenciosas, o cálice da amargura, ante o filho desobediente, e notas no
coração que o amor e a dor palpitam juntos em paroxismos e profundezas.
Desencantada com as
leves nódoas de indignidade que lhe entreviste no caráter, reparas, chorando,
que ele não é mais a aparição celeste dos primeiros dias e, ao ponderar-lhe a
falência iniciante, temes a liberdade que o tempo lhe concederá na construção
do destino.
Pretextando querê-lo,
não te rendas à feição de praça vencida...
Conquanto carregues o
espinho da angústia engastado na alma, é preciso velar no posto de sentinela.
Não deformes o
sentimento que te pulsa no peito.
Fortalece a própria
vontade, governando-lhe os impulsos.
Ceder sempre, no
fundo, é menosprezar.
Sê previdente,
aparando-lhe os caprichos.
Acende a luz da prece
e medita nas dores excruciantes que alcançaram também a doce mãe de Jesus e
ergue a voz no corretivo às irreflexões e aos anseios imoderados que o visitam,
se queres fazer dele um homem.
Dosa o sal da energia
e o mel da brandura, nos condimentos da educação.
Nem liberdade
desordenada, nem apego excessivo.
Se teu filho é tua
cruz, lembra-te de que, na Terra, não há nascimento de santos. Almas em luta
consigo mesmas, é compreensível vivamos todos nós, não raro, em luta uns com os
outros, nos passos ziguezagueantes da experiência.
Sê operosa e humilde,
sem ser escrava.
Não cultives
desgostos.
Sê fiel à esperança.
Não fites
ingratidões, nem coleciones queixumes.
A missão divina da
maternidade apóia-se na força onipotente do amor.
Envolve teu filho na
palavra de benção, que vence o orgulho, e na luz do exemplo que dissipa as
sombras da rebeldia.
Faze que se lhe
desenvolvam os sentimentos bons do coração, que o musgo dos séculos recobriu e
ocultou.
Não te faças
borboleta do sono, quando a vida te pede vigílias de guardiã.
No rio da existência
humana, os espíritas são as gotas d'água que se transformam em lâminas de
arremesso contra as pedras dos obstáculos, talhando caminhos novos.
O Espiritismo gera
consciências livres. Prova a teu filho semelhante verdade pelas próprias ações
de renúncia e discernimento, conjugando o bálsamo do carinho com a rédea da
autoridade.
Não queiras transformá-lo,
à força, em escolhido, dentre aqueles chamados pelo Senhor.
Filhos do Eterno,
todos somos cidadãos da Eternidade e somente elevamos a nós mesmos a golpes de
esforço e trabalho, na hierarquia das reencarnações.
Assim, pois, embora
muitas vezes torturada na abnegação incompreendida, mostra a teu filho que a
Lei Divina é insubornável e que todo espírito é responsável por si próprio.
Anália Franco
Fonte:
O Espírito da Verdade
Francisco
Cândido Xavier - Waldo Vieira
imagem: google
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