Francisco Cândido
Xavier nasceu em Pedro Leopoldo, cidadezinha próxima de Belo Horizonte, Estado
de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910.
João Cândido, seu
pai, tinha temperamento de artista, gostava de serenatas ao som do violão, foi
cambista de bilhetes de loteria, homem pobre de prole numerosa. Sua mãe, Maria
João de Deus, filha de lavadeira humilde de Santa Luzia do Rio das Velhas era
neta de índia, a avó Senhorinha, e reconhecida por sua bondade natural. A
matriz genética mais característica do povo brasileiro — a do ameríndio, do
português e do negro — está presente na base corpórea de Chico Xavier, esse
homem simples das Minas Gerais.
Desde a primeira
infância, fatos insólitos aconteciam em sua vida: aos quatro anos repetiu aos
pais os ensinamentos que lhe eram ditados pelos espíritos a respeito de
problemas de saúde de uma vizinha e depois do falecimento de sua mãe, ocorrido
a 29 de setembro de 1915, passou a vê-la e a conversar com ela.
Os fenômenos, que
ocorriam de forma tão natural e constante em sua
vida, eram rechaçados
invariavelmente por aqueles que o cercavam, uma vez
que a pequena Pedro Leopoldo, como
toda cidade mineira, estava impregnada
do catolicismo do início do
século. Isso, como é natural, criou conflitos psicológicos muito grandes para o
menino ingênuo.
Se contava que
havia visto a mãe e conversado com ela, apanhava ainda mais da madrinha — a
mulher perturbada sob cuja guarda ficou, durante mais de dois anos, após a
morte de sua mãe — e que o surrava normalmente três vezes ao dia, sem perdão de
um único dia da semana, além de outras sevícias.
Suas visões e
conversas com os seres de outro mundo pontilharam sua
vida escolar — ele conseguiu fazer
somente o curso primário —, suas visitas à
igreja católica, hábito no qual
foi educado por sua mãe, e também seu trabalho.
Sebastião Scarzelli, seu padre
confessor, passava-lhe penitências a fim de
livrá-lo dos demônios, mas as
aparições continuavam.
Antes de completar
nove anos, trabalhou na fábrica de tecidos para auxiliar no sustento da casa.
Cidália, a segunda esposa de seu pai, anjo de bondade em suas vidas, tivera
mais seis filhos; ao todo, seu João Cândido foi pai de 15.
Desde cedo, Chico
esqueceu-se de si próprio para auxiliar no sustento e
educação dos irmãos. Caiu doente
dos pulmões com o trabalho da tecelagem,
passou, então, a auxiliar de
cozinha no Bar do Dove, depois, por alguns anos,
foi caixeiro de um pequeno armazém
de propriedade do sr. José Felizardo
Sobrinho e, finalmente, aos 23
anos, entrou para o Ministério de Agricultura,
prestando serviço à Fazenda Modelo
de sua cidade, aposentando-se, após 35
anos de trabalho, já em Uberaba,
sem nunca ter tirado férias ou faltado ao
serviço, no cargo de escriturário.
Em maio de 1927,
Maria Xavier, irmã de Chico, apresentou distúrbios
psíquicos que não foram
solucionados pela Medicina. A família pediu, então, o
auxílio do sr. José Hermínio
Perácio e sua esposa Carmem, espíritas convictos, que trataram da jovem,
acometida de obsessão, em seu próprio lar,
reintegrando-a, depois, à vida
familiar, devidamente equilibrada e com a
orientação espírita.
Com esse fato,
Chico Xavier convenceu-se da realidade do Espiritismo e
reuniu um grupo de crentes para o
estudo e difusão da Doutrina. Foi nessas
reuniões iniciais que ele se
desenvolveu como médium escrevente, semi16
mecânico. No dia 8 de julho de
1927, recebeu as primeiras páginas
psicografadas de autoria de um
espírito amigo, em uma reunião do Centro
Espírita Luiz Gonzaga, que
funcionava na residência de seu irmão, José
Xavier. Desde então, até os dias
de hoje, cerca de 70 anos depois, ele tem sido
a extraordinária antena psíquica
do século 20, recebendo páginas literárias,
científicas, evangélicas e
consoladoras de mais de 600 autores, com 402 livros
publicados até o momento (dezembro
de 1996).
Fonte: LIÇÕES DE SABEDORIA - MARLENE
ROSSI SEVERINO NOBRE
imagem: google
2 comentários:
Uma bonita história do nosso querido Chico Xavier.
Um abraço.
Élys.
Uma vida a serviço do Amor.
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