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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


segunda-feira, 1 de abril de 2013

INDIGNAÇÃO


                O orgulho ferido está na origem dos acessos de demência passageira.
                “Não há ódio que resista aos dissolventes da compreensão e da boa vontade.”
                Comprometidos que estamos por um passado culposo e onerados por débitos escabrosos, as reencarnações não conseguem, senão após sucessivos e dolorosos processos, limpar a ganga imprestável do orgulho gerador de males sem conta que pesam negativamente em nossa economia espiritual.
                O orgulho é o agente indutor de uma autoavaliação deficiente que nos induz a um julgamento complacente com o qual passamos a nos julgar mais do que realmente somos. E, quando descobrimos que não somos lá grandes coisas, e principalmente quando isto fica evidenciado por todos, entregamo-nos à cólera.
                Um Espírito Protetor nos conclama a pesquisar a “origem dos acessos de demência passageira, que nos assemelham ao bruto, fazendo-nos perder o sangue-frio e a razão: quase sempre é o orgulho ferido.”
                Pergunta e ao mesmo tempo responde o nobre Mentor: “Que é o que vos faz repelir, coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga á sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.
                Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas outra consideração, sobretudo, devera contê-lo, a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar para sempre? Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede se faça muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve bastar para induzir o homem a esforçar-se por dominá-la. O espírita, ao demais, é concitado a isso por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs”.
                André Luiz nos dá a conhecer os judiciosos apontamentos dos Benfeitores Espirituais concernentes ao assunto em pauta. Segundo eles: “a palavra, qualquer que seja, surge invariavelmente dotada de energias elétricas específicas, libertando raios de natureza dinâmica. A mente, como não ignoramos, é o incessante gerador de força, através dos fios positivos e negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o verbo que é sempre uma descarga eletromagnética, regulada pela voz. Por isso mesmo, em todos os nossos campos de atividades, a voz nos tonaliza a exteriorização, reclamando apuro de vida interior, vez que a palavra, depois do impulso mental, vive na base da criação; é por ela que os homens se aproximam e se ajustam para o serviço que lhes compete e, pela voz, o trabalho pode ser favorecido ou retardado, no espaço e no tempo.
                Dentro desta compreensão, entendemos que a cólera não passa de curto-circuito de nossas forças mentais, por defeito na instalação de nosso mundo emotivo, arremessando raios destruidores, ao redor de nossos passos. A criatura enfurecida é um dínamo em descontrole, cujo contato pode gerar as mais estranhas perturbações.
                Surge, então, uma pergunta: Já que a cólera não aproveita a ninguém, e se substituíssemos o termo cólera pelo termo indignação?
                Realmente, a indignação, como estado d’alma, por vezes é necessária. Naturalmente é imprescindível fugir aos excessos, contrariar-se alguém a propósito de bagatelas e a todos os instantes do dia será baratear os dons da vida, desperdiçando-os, de modo inconseqüente, sem o mínimo proveito para si mesmo ou para os outros.
                Imaginemos a indignação por subida de tensão na usina de nossos recursos orgânicos, criando efeitos especiais à eficiência de nossas tarefas. Nos casos de exceção, em que semelhante diferença de potencial ocorre em nossa vida íntima, não podemos esquecer o controle da inflexão vocal. Assim como a administração da energia elétrica reclama atenção para a voltagem, precisamos vigiar a nossa indignação, principalmente quando seja imperioso vertê-la através da palavra, carregando a nossa voz tão somente com a força suscetível de ser aproveitada por aqueles a quem endereçamos a carga de nossos sentimentos. É indispensável modular a expressão da frase, como se gradua a emissão elétrica.
                Nossa vida pode ser comparada a grande curso educativo, em cujas classes inumeráveis  damos e recebemos,ajudamos e somos ajudados. A serenidade, em todas as circunstâncias, será sempre a nossa melhor conselheira, mas, em alguns aspectos de nossa luta, a indignação é necessária para marcar a nossa repulsa contra os atos deliberados de rebelião ante as Leis do Senhor. Essa elevada tensão de espírito, porém, nunca deve arrojar-se à violência e jamais deve perder a dignidade de que fomos investidos. Basta, dentro dela, a nossa abstenção dos atos que intimamente reprovamos, porque a nossa atitude é uma corrente de indução magnética.  Em torno de nós, quem simpatiza conosco geralmente faz aquilo que nos vê fazer. Nosso exemplo, em razão disso, é um fulcro de atração. Precisamos, assim, de muita cautela com a palavra, nos momentos de tensão alta do nosso mundo emotivo, a fim de que a nossa voz não se desmande em gritos selvagens ou em considerações cruéis que não passam de choques mortíferos que infligimos aos outros, semeando espinheiros de antipatia e revolta que nos prejudicarão a própria tarefa.”
                Entendemos assim o motivo pelo qual Jesus nos conclama à mansidão e porque Ele disse que são bem-aventurados os brandos e pacíficos.

Rogério Coelho

Fonte: Jornal Espiritismo Estudado – Nov/2012


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2 comentários:

Go Artes disse...

Sempre que estamos aqui, nos edificamos com seus textos, muito bem pesquisados, que nos leva ao entendimento e evolução. Obrigada, sempre, por isso!

Uma semana de muita luz!

Xerocas carinhosas
Go

Anônimo disse...

Importante é medir as palavras e pensar como se estivesse no lugar do outro.

Cada interlocutor se acha certo.

Mas indignar-se com o que os dirigentes fazem com nosso país,é humano e normal.

Jesus revoltou-se com os vendilhões do templo e era o filho de Deus,alma pura.


É a minha opinião sem me basear em credo.

Paz Profunda,Denise.


Donetzka