O orgulho ferido está na origem dos acessos de demência passageira.
“Não há ódio que resista aos dissolventes da
compreensão e da boa vontade.”
Comprometidos que estamos por um passado culposo e
onerados por débitos escabrosos, as reencarnações não conseguem, senão após
sucessivos e dolorosos processos, limpar a ganga imprestável do orgulho gerador
de males sem conta que pesam negativamente em nossa economia espiritual.
O orgulho é o agente indutor de uma autoavaliação
deficiente que nos induz a um julgamento complacente com o qual passamos a nos
julgar mais do que realmente somos. E, quando descobrimos que não somos lá
grandes coisas, e principalmente quando isto fica evidenciado por todos,
entregamo-nos à cólera.
Um Espírito Protetor nos conclama a pesquisar a
“origem dos acessos de demência passageira, que nos assemelham ao bruto,
fazendo-nos perder o sangue-frio e a razão: quase sempre é o orgulho ferido.”
Pergunta e ao mesmo tempo responde o nobre Mentor:
“Que é o que vos faz repelir, coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o
orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam
de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga
á sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.
Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe
altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua
primeira vítima. Mas outra consideração, sobretudo, devera contê-lo, a de que
torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de
remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal se, num
acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar para sempre? Em
suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede se faça
muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve bastar para induzir o
homem a esforçar-se por dominá-la. O espírita, ao demais, é concitado a isso
por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade
cristãs”.
André Luiz nos dá a conhecer os judiciosos
apontamentos dos Benfeitores Espirituais concernentes ao assunto em pauta. Segundo
eles: “a palavra, qualquer que seja, surge invariavelmente dotada de energias
elétricas específicas, libertando raios de natureza dinâmica. A mente, como não
ignoramos, é o incessante gerador de força, através dos fios positivos e
negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o verbo que é sempre uma
descarga eletromagnética, regulada pela voz. Por isso mesmo, em todos os nossos
campos de atividades, a voz nos tonaliza a exteriorização, reclamando apuro de
vida interior, vez que a palavra, depois do impulso mental, vive na base da
criação; é por ela que os homens se aproximam e se ajustam para o serviço que
lhes compete e, pela voz, o trabalho pode ser favorecido ou retardado, no
espaço e no tempo.
Dentro desta compreensão, entendemos que a cólera não
passa de curto-circuito de nossas forças mentais, por defeito na instalação de
nosso mundo emotivo, arremessando raios destruidores, ao redor de nossos
passos. A criatura enfurecida é um dínamo em descontrole, cujo contato pode
gerar as mais estranhas perturbações.
Surge, então, uma pergunta: Já que a cólera não
aproveita a ninguém, e se substituíssemos o termo cólera pelo termo indignação?
Realmente, a indignação, como estado d’alma, por
vezes é necessária. Naturalmente é imprescindível fugir aos excessos,
contrariar-se alguém a propósito de bagatelas e a todos os instantes do dia
será baratear os dons da vida, desperdiçando-os, de modo inconseqüente, sem o
mínimo proveito para si mesmo ou para os outros.
Imaginemos a indignação por subida de tensão na usina
de nossos recursos orgânicos, criando efeitos especiais à eficiência de nossas
tarefas. Nos casos de exceção, em que semelhante diferença de potencial ocorre
em nossa vida íntima, não podemos esquecer o controle da inflexão vocal. Assim
como a administração da energia elétrica reclama atenção para a voltagem,
precisamos vigiar a nossa indignação, principalmente quando seja imperioso
vertê-la através da palavra, carregando a nossa voz tão somente com a força
suscetível de ser aproveitada por aqueles a quem endereçamos a carga de nossos
sentimentos. É indispensável modular a expressão da frase, como se gradua a emissão
elétrica.
Nossa vida pode ser comparada a grande curso
educativo, em cujas classes inumeráveis
damos e recebemos,ajudamos e somos ajudados. A serenidade, em todas as
circunstâncias, será sempre a nossa melhor conselheira, mas, em alguns aspectos
de nossa luta, a indignação é necessária para marcar a nossa repulsa contra os
atos deliberados de rebelião ante as Leis do Senhor. Essa elevada tensão de
espírito, porém, nunca deve arrojar-se à violência e jamais deve perder a
dignidade de que fomos investidos. Basta, dentro dela, a nossa abstenção dos
atos que intimamente reprovamos, porque a nossa atitude é uma corrente de
indução magnética. Em torno de nós, quem
simpatiza conosco geralmente faz aquilo que nos vê fazer. Nosso exemplo, em
razão disso, é um fulcro de atração. Precisamos, assim, de muita cautela com a
palavra, nos momentos de tensão alta do nosso mundo emotivo, a fim de que a
nossa voz não se desmande em gritos selvagens ou em considerações cruéis que
não passam de choques mortíferos que infligimos aos outros, semeando
espinheiros de antipatia e revolta que nos prejudicarão a própria tarefa.”
Entendemos assim o motivo pelo qual Jesus nos
conclama à mansidão e porque Ele disse que são bem-aventurados os brandos e
pacíficos.
Rogério Coelho
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – Nov/2012
2 comentários:
Sempre que estamos aqui, nos edificamos com seus textos, muito bem pesquisados, que nos leva ao entendimento e evolução. Obrigada, sempre, por isso!
Uma semana de muita luz!
Xerocas carinhosas
Go
Importante é medir as palavras e pensar como se estivesse no lugar do outro.
Cada interlocutor se acha certo.
Mas indignar-se com o que os dirigentes fazem com nosso país,é humano e normal.
Jesus revoltou-se com os vendilhões do templo e era o filho de Deus,alma pura.
É a minha opinião sem me basear em credo.
Paz Profunda,Denise.
Donetzka
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