Graças ao atavismo predominante em
sua natureza, o homem guarda as primeiras expressões da consciência em nível
inferior, no qual confunde o eu com o objeto, e a sua é somente uma percepção
sensorial.
A identificação com o próprio corpo
propicia-lhe uma consciência orgânica, deformada, de que se libera a pouco e
pouco, avançando para a transferência desse conteúdo para outro nível de
discernimento e direcionamento.
No processo de evolução, porque
estagia nas faixas do instinto que o submete, vai adquirindo outros valores,
sem desidentificar-se dos conteúdos fixados, em razão dos quais a marcha se lhe
torna muito lenta.
A consciência individual,
representando a Cósmica, a princípio parece deslocada e diferenciada. No
entanto, o Deus em nós do
conceito evangélico reflete-se nessa percepção embrionária, que se desenvolverá
na sucessão das experiências até liberar-se e alcançar a totalidade.
De forma penosa, não raro, a
libertação dos conteúdos negativos — paixões dissolventes, apegos, ilusões,
sentimentos inferiores — faculta os anseios pelas conquistas de outros níveis,
nos quais o bem-estar e a paz formam os novos hábitos, a nova natureza do ser.
No nível de consciência inferior, os
estados alterados demonstram que muitos desses conteúdos negativos,
emergentes e predominantes, procedem das reencarnações passadas, não foram
liberados, nem conseguiram diluir-se através das ações enobrecedoras.
Todos os conteúdos primitivos provêm
de realizações e fixações sempre anteriores, que somente as disciplinas do
esforço, da concentração, da meditação para a ação, conseguem libertar.
Em razão disso, a meditação é uma
terapia valiosa para superar os conteúdos negativos, com o objetivo de
liberar o inconsciente, ao invés de esmagá-lo ou asfixiá-lo, e, longe, ainda,
de o conscientizar, gerar novas formulações e identificações atuais que, no futuro,
assomarão como recursos elevados.
Todos os formuladores da consciência
superior são unânimes em recorrer à terapia da meditação, que faculta o
autoconhecimento, preenche os vazios causados pela insatisfação, anula o eu
corporal — rico das necessidades dos sentidos — para despertar os ideais
subjetivos, as transferências metafísicas.
No nível de consciência superior, o
eu deixa de ser mais eu, para
ser uma síntese e vibrar em harmonia com o Todo.
Desaparece a fragmentação da Unidade
e o equilíbrio transpessoal sincroniza com a Consciência Universal.
A característica fundamental do
nível inferior, portanto, da prevalência dos conteúdos negativos, é a fragilidade
do Eu profundo ante as exigências do ego atormentado, gerando projeções da
sombra e desarticulando os projetos de paz.
A Psicologia espírita, por sua vez,
cuidando do homem integral, distingue também nos conteúdos psíquicos,
negativos, a ingerência de mentes desencarnadas obsessoras, que se comprazem
no intercâmbio perturbador, propiciando desconforto e aflição em desforços
cruéis, mediante alienações de variados cursos.
Ao mesmo tempo, seres outros
desencarnados, invejosos quão infelizes, vinculados às criaturas humanas por
afetividade mórbida ou despeito cruento, estabelecem fenômenos de hipnose que
retardam o desenvolvimento da consciência daqueles que lhes experimentam o
cerco.
Na psicoterapia espírita, o
conhecimento da sobrevivência e do inter-relacionamento entre os seres das
duas esferas — física e espiritual — oferece processos liberativos centrados
sempre na transformação moral do paciente, sua renovação interior e suas ações
edificantes, que facultam o discernimento entre o bem e o mal, propiciando a
transferência para o nível superior, no qual se torna inacessível à indução
perversa.
A meditação, a busca interna, nessa
fase, são relevantes e cientificamente basilares para o processo de
crescimento, de discernimento, de lucidez.
O homem avança no rumo da sua
destinação, a passo vagaroso nos primeiros níveis de consciência, por
desinteresse, ignorância, apressando a marcha na razão direta em que vence tais
patamares e descobre a excelência das conquistas com que se enriquece.
A libertação dos conteúdos negativos
é inevitável; no entanto, vários fenômenos patológicos e preferências emocionais,
perturbadoras, interferem para que sejam mantidos, sendo necessário que os
psicoterapeutas vigilantes insistam junto a esses pacientes em que se
descubram e encontrem os benefícios dos níveis superiores.
Libertação é felicidade, e
consciência enriquecida pelos conteúdos superiores significa plenitude, reino dos céus, mesmo durante o
trânsito terrestre.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de
Ângelis
2 comentários:
Amiga Denise, passando por aqui para aprender com os conteúdos dos teus posts.
Um abração. Tenhas uma ótima tarde.
É preciso fazer dsa meditaçlão um hábito.
Beijos.
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