A maneira decisiva de atingirmos o equilíbrio
interior é aceitarmos nossas emoções e sentimentos como realmente eles se
apresentam, pois, deixando de ignorá-los, passaremos a nos adaptar firmemente à
realidade dos fatos e dos acontecimentos que estamos vivenciando.
A grande maioria dos espíritos encarnados e
desencarnados domiciliados no orbe terrestre usualmente analisam fatos e tomam
atitudes de forma inconsciente, irrefletida, impulsiva ou automática. O
automatismo permite que muitos de nós tenhamos uma sequência enorme de
comportamentos, sem ao menos notarmos onde nasceram. Quer dizer, não compreendemos claramente os
motivos e os significados ou mesmo a qualidade dos impulsos iniciais.
A arte de perceber de forma clara e real nossas mais
íntimas intenções é uma das tarefas do processo evolutivo pelo qual todos
estamos passando.
O que não pode ser visto não pode ser mudado. Os
mecanismos inconscientes dos quais nos utilizamos para nos enganar são em
grande parte imperceptíveis, principalmente àqueles que não iniciaram ainda a
autodescoberta do mundo interior, através do auto-aprimoramento espiritual.
Mágoa não elaborada se volta contra o interior da
criatura, alojando-se em determinado órgão, desvitalizando-o. mágoa se transforma com o tempo em rancor,
exterminando gradativamente nosso interesse pela vida e desajustando-nos quanto
a seu significado maior.
A desatenção pode, muitas vezes, parecer um simples
esquecimento natural, mas também poderá ser vista como atividade psicológica
para afastar de nosso dia-a-dia detalhes desagradáveis que não queremos
admitir. Para não tomarmos consciência de que fomos magoados, simplesmente não
notamos uma série quase infinita de fatos
feitos que demonstrariam, de forma segura, o ofensor e a intenção da
ofensa. A desatenção é uma defesa que apaga somente uma parte do ocorrido,
deixando consciente apenas aquilo que nos interessa no momento.
O fato de criarmos o hábito de desviar a atenção como
forma de dispersar a dor da agressão e de isso funcionar muito bem em
determinados momentos expressivos de nossa vida, mantendo a mágoa dissimulada,
poderá se tornar um estilo comportamental inadequado, pois distorce a realidade
de nossos relacionamentos.
Sentimentos não morrem; poderemos enterrá-los, mas
mesmo assim continuarão conosco. Se não forem admitidos, não serão
compreendidos e, consequentemente, estarão desvirtuando a nossa visão do óbvio
e do mundo objetivo.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagens: espiritismoamorciencia.blogspot.com
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