Pouco tempo após a crucificação de Jesus, relacionado
ao apóstolo Tiago. Conta-se que, certo dia, o discípulo encontrava-se
meditativo e acabrunhado, por discordar das tarefas exercidas por Pedro, na
Casa do Caminho, até que, num dado instante, vive uma maravilhosa e fascinante
experiência. Tiago divisa, ao longo do caminho, o vulto de Jesus se
aproximando. Com as energias redobradas pela magnífica visão, experimenta um
júbilo indescritível e acredita que o Mestre vinha ao seu encontro. Postou-se
ao largo da estrada e, ansioso, aguardou que o Mestre o interpelasse. Ledo
engano. Percebeu que o Celeste Amigo não deteria seus passos silenciosos e
demonstrava que estava a caminho. O encontro com Tiago não era o objetivo de
sua caminhada. Quando percebeu isso, o apóstolo, atônito, o interpelou:
“Senhor”. E obteve como resposta: “Tiago, eu vou à Casa do Caminho, ajudar
Pedro”. Duas situações, uma mesma consideração. Não basta conhecer o evangelho
de Jesus. Ele pouco valerá se não estiver acompanhado de ações, de obras. Como
Tiago, precisamos entender que o imperativo da doutrina cristã é o serviço
desinteressado aos semelhantes, e, de imediato, precisamos os pôr a caminho e
acompanhar o Mestre, demonstrando com nossas atitudes que compreendemos a
grandeza dos seus ensinamentos.
Por intermédio de seu acurado processo de
Codificação, Allan Kardec aponta a necessidade de não apenas sorvermos os
ensinamentos, mas buscarmos interpretar, em Espírito e Verdade, a mensagem
augusta do meigo rabi da Galiléia. O tempo urge, as horas passam, e devemos
preocupar-nos com as tarefas que nos foram confiadas, com o campo que temos de
arar e semear. Para tanto, nos secundam valorosos tarefeiros do Plano
Espiritual, que se põem na seara a nos fortalecer para o trabalho. Não há tempo
para tolas discussões. O momento é de trabalho. Tem gente que acha que
espiritismo é só doutrina, só estudos. Outros ficam querendo saber quem é
Emmanuel ou André Luiz hoje. Muitos companheiros chegam até a defender a
extinção dos serviços assistenciais das entidades espíritas nas comunidades
carentes, sob a alegação de que não devemos praticar o assistencialismo, quando
na verdade as Instituições praticam, além das atividades de assistência social,
também a de promoção humana.
Que pena! Não entendem que Jesus também está nos
dizendo: “Ide e anunciai o Evangelho. Lancem-se ao trabalho, pois o mundo
reclama caridade para com todos”. Na época dos tablets e smartphones, das
ressonâncias magnéticas e da cirurgias robóticas, ainda jornadeia o fantasma da
fome dizimando milhões de irmãos. Sabemos que é o nosso orgulho que tem
condenado homens, mulheres e crianças à miséria e prostituição, multiplicando
antros de criminalidade e grassando desespero. Por isso, não há tempo para se
lançar pérolas aos porcos. Na medida do talento de cada um, na proporção das
nossas possibilidades, precisamos seguir o caminho do Mestre e socorrer os
famintos e acender a chama da fé nos corações angustiados, honrando, assim, as
luminosas tarefas que nos identificam como modernos apóstolos de Jesus.
“Tiago, eu vou à Casa do Caminho”. Entendamos a
advertência do Mestre. Frequentemos as nossas reuniões de estudo. Vamos nos
debruçar sobre o Pentateuco espírita, vamos reler as obras de André Luiz; vamos
relembrar os ensinamentos de Emmanuel e de tantos outros. Sim, é preciso
estudar, pesquisar, indagar, refletir, em síntese, analisar as mensagens e
estabelecer, entre nós, a conversa franca sobre nossas dúvidas, identificando
os possíveis enganos e omissões em que, por vezes, temos permanecido. Entretanto,
sejamos o colo da mão para os filhos tristes e desesperançados. Não esperemos
Cristo no caminho para um simples bate-papo. Sigamos ao seu lado, no bom
combate, dissolvendo a névoa da ignorância com o fulgor da Luz Divina. As
vitórias no caminho são conquistadas com suor e lágrimas que derramamos pelos
outros. Emmanuel, através de Chico Xavier, nos adverte que “o nome de Jesus
está empenhado em nossas mãos”.
Orlando Ribeiro
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – julho/2014
imagem: google
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