(Emmanuel)
Desposaste alguém que não mais te parece a criatura ideal que
conheceste. A convivência te arrancou aos olhos as cores diferentes com que o
noivado te resguardava o futuro que hoje se fez presente.
Em torno, provações, encargos renascentes, familiares que te pedem
apoio, obstáculos por vencer. E sofres.
Entretanto, recorda que antes da união falavas de amor e te
mostravas na firme disposição em que assumiste os deveres que te assinalam
agora os dias, e não recues da frente de trabalho a que o mundo te conduziu.
Se a criatura que te compartilha transitoriamente o destino não é
aquela que imaginaste e sim alguém que te impõe difícil tarefa a realizar,
observa que a união de ambos não se efetuaria sem fins justos e dá de ti quanto
possível para que essa mesma criatura venha a ser como desejas.
Diante de filhos ou parentes outros que se valem de títulos domésticos
para menosprezar-te ou ferir-te, nem por isso deixes de amá-los. São eles,
presentemente na Terra, quais os fizemos em outras épocas, e os defeitos que
mostrem não passam de resultados das lesões espirituais causadas por nos
mesmos, em tempos outros, quando lhes orientávamos a existência nas trilhas
da evolução.
É provável tenhamos dado um passo a frente. Talvez o contato deles
agora nos desagrade pela tisna de sombra que já deixamos de ter ou de ser.
Isso, porém, é motivação para auxilio, não para fuga.
Atentos ao principio de livre arbítrio que nos rege a vida
espiritual, é claro que ninguém te impede de cortar laços, sustar realizações,
agravar dividas ou delongar compromissos.
O divórcio é medida perfeitamente compreensível e humana, toda vez
que os cônjuges se confessam a beira da delinquência, conquanto se erija em
moratória de débito para resgate em novo nível. E o afastamento de certas
ligações é recurso necessário em determinadas circunstâncias, a fim de que
possamos voltar a elas, algum dia, com o proveito preciso.
Reflete, porém, que a existência na Terra e um estágio educativo
ou reeducativo e tão só pelo amor com que amamos, mas não pelo amor com que
esperamos ser amados, ser-nos-á possível trabalhar para redimir e, por vezes,
saber perder para realmente vencer.
Fonte: Na Era do
Espírito – Chico Xavier/José Herculano Pires
imagem: google
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