Cerrada a porta de uma afeição, agredido por um amigo
ou desconhecido, deve-se sempre seguir adiante no rumo das outras, das inúmeras
portas abertas que nos aguardam, e da compreensão fraternal para com o revel,
considerando-o um enfermo ignorante do mal que o consome.
A vida são as incessantes oportunidades que surgem
pela frente, jamais os insucessos que ocorreram no passado.
Assim, libertar-se do acontecimento negativo, qual
madeira podre que se arremessa nas águas do rio do esquecimento, é atitude de
saudável sabedoria.
Tal comportamento credencia o homem a ser perdoado
pelo seu irmão, que o libera do pagamento dos seus momentos infelizes, não
irradiando contra ele pensamentos destrutivos – idéias anestesiantes – que
sempre são assimilados pelo fenômeno da sintonia através da consciência de
culpa.
Quando alguém se liberta do lixo mental, acumulado
pela ignorância e pela futilidade, começa o seu restabelecimento espiritual, e
toda uma atividade nova se lhe apresenta favorável, abrindo-lhe espaço para a
saúde.
Nesse grupo de tentames edificantes está o
autoperdão.
Considerando a própria fragilidade, o indivíduo deve
conceder-se a oportunidade de reparar os males praticados, reabilitando-se
perante si mesmo e perante aqueles a quem haja prejudicado.
A perfeita consciência do autoperdão não se apóia em
mecanismos de falsa tolerância para com os próprios erros, que seria
negligência moral, conivência e imaturidade, antes representa uma clara
identificação de crescimento mental e moral, que propicia direcionamento
correto dos atos para a saúde pessoal e geral.
O arrependimento, puro e simples, se não acompanhado
da ação reparadora, é tão inócuo e prejudicial quanto a falta dele.
Assim, o complexo de culpa é igualmente danoso,
porque não soluciona o mal praticado, sendo, ademais, responsável pelo
agravamento dos seus maus resultados.
O autoperdão compreende a posição mental correta a
respeito do erro e a satisfação íntima ante a possibilidade de interromper o
curso dos males causados, como arrancar-lhes as raízes encravadas em quem lhes
padece a constrição.será possível lograr o cometimento através de uma análise
meticulosa dos fatores que levaram á ação reprochável, examinando outras
alternativas que não foram utilizadas e que não teriam produzido efeitos
negativos, para depois predispor-se à oportuna reconsideração da atitude,
liberando-se da desconfortável injunção de culpa conflituosa.
Se, ante a resolução de auto-renovação, não se
encontra a receptividade por parte da vítima, não constitua, esta recusa, um
novo motivo para atrito, senão estímulo para continuar-se com o propósito
salutar, revestindo-se de mais paciência e tolerância, a fim e enfrentar-se a
reação do outro, igualmente enfermo e sem disposição, por enquanto, para
liberar-se do mal que o entorpece.
O autoperdão ajuda o amadurecimento moral, porque
propicia clara visão da responsabilidade, levando o indivíduo a cuidadosas
reflexões, antes de tomar atitudes agressivas ou negligentes, precipitadas ou
contraditórias no futuro.
Quando alguém se perdoa, aprende também a desculpar,
oferecendo a mesma oportunidade ao seu próximo.
O bem-estar que experimenta faculta-lhe a alegria de
propiciá-lo ao outro, o ofendido, gerando uma aura de simpatia a sua volta, que
se converte em clima de liberação do sofrimento.
A cessação real do sofrimento, portanto, dá-se
quando, erradicadas as suas causas, desaparecem-lhe os naturais fenômenos das
conseqüências.
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
Um comentário:
O perdão é um ato sublime.
Beijos.
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