A impermanência de todas as coisas e pessoas no mundo
físico é também extensiva à conjuntura do sofrimento.
A sua vigência resulta da intensidade dos fatores
causais que o engendraram.
O campo de energia afetado, no caso das doenças,
terminada a prova ou a expiação que depuram, recompõe-se, facultando o
equilíbrio. Não obstante, nos sofrimentos morais, quando a desarmonia é
emocional, por meio do autocontrole, da oração, da meditação, das ações de
beneficência, o ser mais facilmente se libera, deixando de valorizar
demasiadamente as ocorrências aflitivas, considerando-as naturais no processo
evolutivo, e, por consequência, aceitáveis.
A aceitação do sofrimento é o passo decisivo para a
liberação dele, enquanto a rebeldia produz efeito totalmente contrário.
Compreendendo-se que o corpo é uma organização
delicada, sujeita a deterioramento, desgaste e transformação pelo fenômeno da
morte, nele não se colocam as bases da vida, nem se fixam as realidades
essenciais. Assim, quando lhe sucedam as desconexões e os desajuste,
advindo-lhes a interrupção, a morte não se transforma em motivo de desgraça, de
ruína.
A preparação conveniente para enfrentar a morte
faculta uma aceitação do seu fatalismo, e, portanto, uma diminuição do
sofrimento.
Quem, na vida material deposita todas as suas
aspirações e nela vê um fim único, constatando-lhe a interrupção, o cessar de
manifestações, experimenta superlativas dores morais, que se transformam em
sofrimentos físicos sem lenitivo imediato.
Assim, as dores tem mito a ver com as disposições
psicológicas de cada indivíduo, a maneira de encarar a vida e a sua estrutura,
os acontecimentos e as suas matrizes.
A morte, por ignorância da vida, tem sido através dos
milênios a causa de sofrimentos inimagináveis, desencadeadora de tragédias e de
desconforto sem-fim.
Todo fenômeno biológico que se inicia, naturalmente
cessa. Tudo que nasce, no plano físico, interrompe-se, transforma-se, portanto,
morre.
Não há prazo, nem determinismo absoluto de tempo,
dependendo de inumeráveis razões para que o ciclo que começou se encerre...
Assim, a morte é inevitável e o sofrimento que ela gera resulta somente de má
interpretação dos objetivos da vida.
O apego à forma transitória, que se decompõe, produz
a perturbação emocional, dando ideia de que tudo se consumiu, nada mais
restando como finalidade da existência humana.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
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