À
medida que se aprofunda o conhecimento das almas humanas imbricadas na trama
afetiva conflituosa da ruptura da fidelidade, mais se firma uma compreensão que
nos inclina a atitudes de maior sensatez, capazes de nos autorizar a assumirmos
posições mais ou menos ante os erros do amor.
Inicialmente,
ainda na presença do choque, procuramos o culpado: é o outro que traiu, ou
aquele com quem ele caiu. Neles depositamos todas as emoções que emerge no
clímax da nossa dor, tais como raiva, indignação, ódio, agressividade,
outras... Podemo-nos fixar uma vida inteira nessa posição, imobilizando-nos no
papel de vítima, guardando sentimentos de rancor, tristeza, ódio, revolta e...
adoecendo.
Se
fizermos escolhas mais ricas para aprofundar o entendimento, vamos detectar que
não é só o outro o culpado, simplesmente. Num movimento pendular, um dos
cônjuges passa a se eleger como culpado: identifica que empurrou o outro para
os braços de alguém, por meio de um conjunto de comportamentos negativos. Nessa
hora, assume a culpa sozinho, e corre o risco de se fixar na posição da culpa
tóxica, enveredando por descaminhos que seguem as etapas implacáveis do
autojulgamento, da autocondenação e da autopunição. Às vezes, essa atitude vem
antes daquela em que se foca num outro como o único culpado.
Caso
se decida a avançar na busca da verdade, registra que não há um só culpado –
ele/ela ou eu – mas sim que são ambos culpados. Socializa, portanto, a causa da
dor, e traz para a dimensão relacional o compartilhamento da culpa. Aqui
podemos também nos fixar numa amargura interminável e improdutiva – infelizes
para sempre!
Contudo,
num mergulho mai profundo em nossas consciências, percebemos qe não somos culpados,
e sim responsáveis. Mudamos a maneira de atribuir significado à dor.
Identificamos uma teia ancestral contribuindo, direta e indiretamente, para
nossas decisões atuais.
Por
isso, passamos para a atitude da responsabilidade, ou seja, sem perder de vista
o que está por trás, assumimos a nossa cota pelas escolhas que fazemos.
Todavia, fazemos isso de uma forma amorosa, sem nos crucificarmos, tampouco sem
nos isentarmos de encarar a parte que nos compete.
Responsabilizar-se
é a habilidade em dar resposta. Assim partimos para a reparação justa, naquilo
que nos diz respeito, sem vitimização e sem a intoxicante culpabilização.
Quando
conseguimos colocar-nos nessa posição, aprendemos e crescemos com a dor,
retirando da situação vivida tudo quanto a vida pode nos ensinar. Tornamo-nos
mais maduros para continuar a nossa caminhada, seja recasando-nos após a
reconciliação, seja restabelecendo uma nova parceria no futuro, se for o caso.
Tudo isso, porém, em bases mais solidadas.
Fonte: CASAMENTO: A ARTE DO REENCONTRO – ALBERTO
ALMEIDA
imagem: google
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