Para
efeito didático, resumiríamos da seguinte forma a sequência das abordagens, da
mais imatura para as mais profundas:
1.
O outro é o culpado (o parceiro ou o amante).
Consequência não desejável: fixação na mágoa, no ódio, na vingança.
Abordagem desejada: perdão ao outro.
2.
Eu sou o culpado.
Consequência não desejável: fixação na culpa tóxica, autopunição.
Abordagem desejada: perdão a si mesmo.
Aqui
pode estar invertida a sequência acima, pois pode ser que, inicialmente, a
pessoa se sinta culpada, para somente depois deslocar a culpa para os outros.
3.
Nós somos culpados.
Conseqüência não desejável: fixação no sofrimento como resultado do
complexo culpa/mágoa.
Abordagem desejada: perdão a si e ao outro.
4.
Nós somos responsáveis.
Conseqüência não desejável: fixação na fuga, adiando a reparação.
Abordagem desejável: autoperdão e perdão ao outro, por meio da reparação
responsável, consciente e lúcida.
Com
essa atitude diante da vida, culminamos por concluir que todos nós somos, no
fundo, inocentes, imaturos, aprendizes da vida, fazendo ensaios evolutivos mais
ou menos desengonçados, amadurecendo quando procuramos reparar, em nós e nos
outros, os prejuízos causados nas nossas movimentações infelizes na vida.
Necessário
entender que a traição é uma atitude primeiramente da pessoa em relação a si
mesma, uma vez que, antes de trair alguém, trai-se a si mesmo, pois há um
compromisso de fidelidade para consigo próprio, em face da própria consciência.
Primeiro, lesa-se a si mesmo, para depois se refletir na direção do outro,
conseqüente e dialeticamente.
Talvez
por isso Jesus, ao propor o caminho da reparação, tenha asseverado:
“Reconcilia-te”, fazendo menção à autorreconciliação, a fim de, posteriormente,
como conseqüência imediata, se ir ao encontro do outro, quando complementa:
“com o teu adversário”.
Fonte: CASAMENTO: A ARTE DO REENCONTRO – ALBERTO
ALMEIDA
imagem: google
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