A
ordenação bíblica – crescei e multiplicai-vos – não tem sido, até hoje, bem
compreendida por todos.
Os que se atêm à letra das Escrituras, sem
penetrar-lhe o espírito, vêem nessas palavras uma lei divina, estabelecendo que
a reprodução das espécies, inclusive a humana, deva ser livre e ilimitada, e
que obstá-la seria grave pecado.
Sem dúvida, a reprodução dos seres vivos é lei da
natureza e preenche uma necessidade no mecanismo da evolução; isso não quer
dizer, entretanto, seja proibido ao homem adotar certas medidas para a regular.
Tudo depende da finalidade que se tenha em vista.
No que tange ao controle da natalidade humana, a
doutrina espírita nos autoriza a afirmar que, em havendo razões realmente
justas para isso, pode o homem limitar sua prole, evitando a concepção.
Pode haver, como de fato há, inúmeros casos em que se
faz necessário não só restringir, mas até mesmo evitar qualquer quantidade de
filhos.
É preciso se reconheça que o lar não é um
estabelecimento destinado a reproduzir seres humanos em série, mas sim um
santuário-escola, onde os pais devem pontificar como plasmadores de nobres
caracteres, incutindo nos filhos, a par do amor a Deus, uma vivência sadia,
pautada nos princípios da moral e da justiça, de modo que se tornem elementos
úteis a si mesmos, à família e à sociedade.
O homem se distingue dos animais por obrar com
conhecimento de causa. Portanto, o que dele se espera não é apenas que procrie
por força do instinto sexual, qual mero reprodutor, mas que dignifique o nome
de pai ou de mãe com que Deus lhe honra a existência.
Do Livro: As Leis
Morais – Rodolfo Calligaris
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