Na época de Kardec existia cerca de 1,5 bilhão de
habitantes na Terra e estima-se que atingiremos, pelo menos, 11 bilhões daqui a
poucas dezenas de anos. Daqui a três anos haverá cerca de 600 milhões de bocas
a mais para se alimentar. A fome já castiga mais de 1 bilhão de pessoas. Para
os espíritos, a Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário
soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as
necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no
necessário. A questão é que, em uma sociedade consumista, poucos se contentam
com o necessário, por isso não há distinção entre consumismo e materialismo. Na
questão 799 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga: de que maneira pode o espiritismo
contribuir para o progresso? A resposta é categórica: destruindo o
materialismo, que é uma das chagas da sociedade.
Neste mundo contraditório, temos o cinismo de
divulgar a paz produzindo as ogivas de guerra; ansiamos resolver os enigmas
sociais intensificando a edificação das penitenciárias, bordeis e motéis. Cerca
de 100 milhões de pessoas passaram à condição de pobreza extrema devido à
recessão mundial resultante da crise financeira internacional de 2009. A cada
cinco segundos morre uma criança na Terra em conseqüência da desnutrição.
Segundo dados do UNICEF, 55% das mortes de crianças no mundo estão associadas à
falta de comia. A Organização Mundial da Saúde estima existirem 100 milhões de
crianças vivendo nas ruas do mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento, das
quais mais de 10 milhões vivem no Brasil.
Onze anos se passaram neste novo milênio, porém o
resultado da larga arena de lutas fratricidas do século XX ainda ecoa nos
vagidos de cada criança que renasce. As atuais teorias sociais permanecem em
sua trajetória equivocada, tangendo não raro a linha tenebrosa do extremismo. É
urgente que novas propostas teóricas interpretem a paz social em termos de
valores mais transcendentes. Tais teses comprovarão a assertiva dos espíritos e
do evangelho de que os bens materiais não trazem felicidade.
Tempos de combates sinistros, desde os primeiros anos
do século XX, a guerra se instalou com caráter permanente em quase todas as
regiões do planeta. Todos os pactos de segurança da paz oriundos das convenções
internacionais após a I Guerra Mundial, não foram senão fenômenos da própria
guerra, que culminaram com o apogeu da II Guerra Mundial. A Europa e o Oriente
constituem ainda hoje um campo vasto de agressão e terrorismo. Por isso, a
América recebeu o cetro da civilização
e da cultura, na orientação dos povos porvindouros. Nos campos exuberantes do
continente americano estão plantadas as sementes de luz da árvore maravilhosa
da civilização do futuro, segundo Emmanuel.
Onde se encontram os valores morais da sociedade
contemporânea? Muitas religiões estão amordaçadas pelas injunções de ordem
econômica e política. Somente a Doutrina dos Espíritos tem efetuado o esforço
hercúleo de sustentar acesa a luz da crença nas plagas iluminadas da razão, da
cultura e do direito. Embora, seja o esforço do espiritismo quase superior às
suas próprias forças, mas o mundo não está à disposição dos ditadores
terrestres. Jesus é o seu único diretor no plano das realidades imortais.
Os benfeitores,que guiam os destinos da humanidade,
se movimentam a favor do restabelecimento da verdade e da paz, a caminho de uma
nova era. Emmanuel faz menção sobre uma nova reunião da comunidade das
potências angélicas do sistema solar e que planejam reunirem-se, novamente,
pela terceira vez, na atmosfera terrestre, deliberando novamente sobre os
destinos da Terra. Que resultará dessa reunião dos espíritos superiores? Deus o
sabe. Nas grandes transições do século que passa, aguardemos o seu amor e a sua
misericórdia.
Não desconsideramos, nessas reflexões, a rejeição que
padecem os excluídos da sociedade, porquanto a ganância pelo dinheiro atinge
patamares surrealistas. estarrece-nos a avidez dos adolescentes pelo sexo,
quase sempre remetidos aos pântanos da indigência moral. Hoje em dia, as pessoas
vacilam em sair às ruas, defronte dos assaltos e sequestros relâmpagos que têm
ocorrido a todo o momento. São ocasiões de muita inquietude e de grande
volubilidade emocional.
Ainda sofremos os ressaibos amargosos dos contrastes
de uma suprema tecnologia no campo da informática, das telecomunicações, da
genética, das viagens espaciais, dos supersônicos, dos raios laser, do mesmo
modo em que ainda temos que coexistir com a febre amarela, a tuberculose, a
AIDS, e com todos os tipos de droga.
Nesse cenário fatídico, a mensagem do Cristo é um
elixir poderoso, o mais confiável para a redenção social, que haverá de
entranhar em todas as consciências humanas, como um dia penetrou no altruísmo
de Vicente de Paulo, na solidariedade de irmã Dulce, na amabilidade de
Francisco de Assis, na suprema ternura de Teresa de Calcutá, na humildade de
Chico Xavier.
Aprendamos a dilatar a misericórdia sem pieguismos,
desenvolver generosidade que começa no procedimento de dar coisas, para
culminar o dom de doarmo-nos , decididamente, ao próximo. Fazer algo de bom, e
que ninguém saiba, especialmente por um desafeto qualquer. Nesse desempenho,
podermos enunciar o sereno brado como o fez o Convertido de Damasco: já não sou
quem vive, mas o Cristo é quem vive em mim.
Para Emmanuel, as revelações do além-túmulo descerão
às almas, como orvalho imaterial, preludiando a paz e a luz de uma nova era.
Numerosas transformações são aguardadas e o espiritismo esclarecerá os
corações, renovando a personalidade espiritual das criaturas para o futuro que
se aproxima. Então, perguntar-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos
com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando foi que
te vimos sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? E quando foi que
te soubemos doente ou preso e fomos visitar-te? O Rei lhes responderá: Em
verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos
dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.
Jorge Hessen
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – setembro/2011
Um comentário:
A humanidade passa por um momento difícil que preocupa até os espíritos superiores. Mas Deus em sua misericórdia fará que tudo volte há um patamar de amor, paz e fraternidade.
Beijos.
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