Inconscientemente, a preservação do espaço se torna um
direito de propriedade, que adquire valores crescentes em relação à sua
escassez e localização.
O homem, como qualquer outro animal, luta com todas as
forças e por todos os meios para a manutenção da sua posse, a dominação do
espaço adquirido e, às vezes, pelo que gostaria de possuir, tombando nas
ambições desmedidas, na ganância.
No relacionamento social, cada indivíduo é cioso dos seus
direitos, do seu espaço físico e mental, da sua integridade, da sua intimidade,
zelando pela independência de ação e conduta nestas áreas comportamentais.
Quando os sentimentos afetivos irrompem e ele deseja
repartir a sua liberdade com a pessoa amada, naturalmente espera compartir dos
valores que ela possui, numa substituição automática daquilo que irá ceder.
Trata-se de uma concessão-recepção, gerando uma ação cooperativista.
A princípio, o encantamento ou a paixão substitui a razão,
quebrando um hábito arraigado, sem chance de preenchê-lo por um novo, que
exige um período de consciente adaptação para uma convivência agradável,
emocionalmente retributiva. Apesar disso, ficam determinados bolsões que não
podem ou não devem ser violados, constituindo os remanescentes da liberdade de
cada um, o reino inconquistado pelo
alienígena.
Nos relacionamentos das pessoas imaturas, os espaços são,
de imediato, tomados e preenchidos, tornando a convivência asfixiante,
insuportável, logo passam as explosões do desejo ou os artifícios da novidade.
Surgem, nesse período, as discussões por motivos fúteis,
que escamoteiam as causas reais, nascendo as mágoas e rancores que separam os
indivíduos e, às vezes, os arruínam.
Nas afeições das pessoas amadurecidas psicologicamente,
não há predominância de uma vontade sobre a do outro, porém, um bom
entrosamento que sugere a eleição da sugestão melhor, sem que ocorra a
governança de uma por outra vida, que a submetendo aos seus caprichos
comprime-a, estimulando as reações de malquerença silenciosa que explodirá,
intempestivamente, em luta calamitosa.
Por isto mesmo, o afeto conquista sem se impor, deixando livres os espaços
emocionais, que substituem os físicos cedidos, ampliando-se os limites da
confiança, que permite o trânsito tranqüilo na sua e na área do ser amado, que
lhe não obstaculiza o acesso, o que é, evidentemente, de natureza recíproca.
(continua)
Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
4 comentários:
Amiga Denise, ao fim do post tem-se a resposta para as inúmeras relações afetivas rompidas, que não conseguiram atravessar o tempo em consequência dos sentimentos arbitrários, egóticos, unilaterais...
Um abraço. Tenhas uma noite iluminada.
Olá Denise, boa tarde querida.
Ando um pouquinho afastada quase sem tempo... Mas sempre que possível vou visitando os amigos.
Estou achando muito interessante esse texto é muito bom!
Abraços amiga, Deus a abençoe sempre.
Devemos, sim, deixar espaço para outrem decidirem o que desejam fazer de sua vida, a responsabilidade pelo seu destino não é nossa, é deles mesmos. Pode até nos ser doloroso, mas temos que respeitar o livre-arbítrio de cada um, e não asfixiá-los, impondo sempre nossa vontade.
Beijos.
Olá Denise querida,
Magnífico texto! Aprender e evoluir sempre!
Adoro vir te ler, seu espaço é maravilhoso e edificante.
Beijo grande, e obrigada.
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