Separados, a pessoa se abstraía do todo para
observar; o objeto se apresentava a distância, sob observação; a atitude
afastava o observador.
Esses limites tornavam-se dificuldades para um
comportamento unitário, concorde com as circunstâncias, afastando sempre o
indivíduo dos acontecimentos e, de certo modo, isentando-o das
responsabilidades.
As complexidades do destino, da sorte, do
berço e outras preponderavam
como mecanismos de justificação do êxito ou do fracasso de cada um.
O homem se apresentava, então, dissociado da vida,
afastado do universo, fora das ocorrências, como um ser à parte dos fatos.
A pouco e pouco, ele se deu conta de que a
unidade se encontra presente no conjunto, que por sua vez se faz unitário. Permanecem, em tal postura, os critérios da individualidade
pessoal, não obstante a sua integração no todo.
O olho que observa é, ao mesmo tempo, o olho
observado, responsável pela observação.
A criatura já não se isola da harmonia geral ou
do coletivo, a fim de observar, sem que, por sua vez, não seja observada.
A observação faz parte da
vida que, de igual modo, depende do indivíduo observador.
Na inteireza da unidade, todos os agentes que
a constituem são portadores do mesmo grau de responsabilidade, a benefício do
conjunto. Não há como transferir-se para outrem a tarefa que lhe diz respeito.
O excesso de esforço em
um, enfraquece-o, a favor, negativo, da ociosidade de outro, que se debilita
por falta de movimentação.
Tal compreensão do
mecanismo existencial deflui de uma capacidade maior de amadurecimento
psicológico do homem, que já não se compadece da própria fraqueza, porém busca
fortalecer-se; tampouco se considera inferior em relação aos demais, por
saber-se detentor de energias equivalentes.
O seu é o mesmo campo de
luta, no qual todos se encontram com idênticas responsabilidades, evitando
marginalizar-se. Se o faz, tem consciência que está conspirando contra o
equilíbrio geral e que ficará a sós, desde que o todo se refará mesmo sem ele,
criando e assumindo nova forma.
Mergulhado na harmonia geral, o homem deve
contribuir conscientemente para mantê-la, observando-a e com ela se
identificando, observado e em sintonia, diante do conjunto que também o envolve
no ato de observar.
Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
imagem: oolhoquefala.blogspot.com
Um comentário:
Joanna faz paralelo aqui, com o fenômeno que há (dizem haver) no mundo submicroscópico, onde a simples observação do fato, altera o fato.
Em nossa vida, no entanto, isso não ocorre, para que haja alteração no fato observado, exige-se do observador algo: A ação!
É a ação do observador que pode levar as coisas para um patamar melhor. Por exemplo, não é apenas observando uma criança faminta que podemos alimentá-la, é necessário levar a comida até ela.
Provavelmente, o que Joanna quer explicitar é que:
1) Não podemos mais ser simples observadores dos fatos da vida, como se eles não tivessem correlação;
2) Essa consciência de nosso dever já está revolvendo as entranhas psíquicas do homem moderno.
A nova maneira de ver as coisas permite-nos prever um futuro glorioso para a humanidade.
Beijos.
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