O
Mestre Jesus, ciente de que sua passagem pela Terra seria curta, serviu-se de
todos os momentos para deixar lições imorredoura. Mais dos que isso, como
professor das lições do espírito, ensinou-nos a pensar, refletir, reflexionar.
Por isso, todas as palavras, episódios, diálogos e até mesmo os silêncios de
Jesus, não podem e nem devem deixar de ser analisados profundamente, repetidas
vezes. A cada novo estudo, um novo ensinamento. Nesse ínterim, a passagem do
meigo rabi à casa das irmãs de Lázaro, relata exclusivamente no Evangelho de
Lucas, ganha maior profundidade e significação muito rica a lição, que nos
permite descobrir e redescobrir faces dos ensinamentos de Jesus nesta nossa
senda em busca do autoconhecimento e da evolução moral.
Para
um grande estudioso da doutrina, o relato de Lucas não deve ser visto apenas
como uma situação relativa apenas às duas irmãs. Existem dentro de nós porções
de Martas e Marias. O ativismo, a preocupação com as coisas materiais, nosso
zelo com as responsabilidades no lar, no trabalho e na vida física, refletem o
nosso lado Marta, ligado à vida ativa e à correria das coisas humanas. Já o
nosso lado contemplativo, ligado aos íntimos momentos em que nos desnudamos e
nos entregamos à espiritualização, à oração, na busca do contato com os bons
espíritos, é o nosso lado Maria. Numa primeira vista, poder-se-ia dizer que é
mais importante ser Maria do que Marta, mas ledo engano, ambas as
personalidades nos são essenciais.
Assim,
como a maior parte da humanidade, Marta contempla sua existência numa visão de
horizontalidade, fixada nos interesses materiais. Ciosa, honesta e laboriosa,
preocupa-se em como cuidar da casa, providenciar suprimentos, preparar as
refeições, trabalhar e outras coisas do gênero. Isso não é condenável, faz
parte das atribuições do homem enquanto ser gregário. Embora isso nos dê uma
sensação de realização, nos damos conta de que nos falta algo. Esse estado
Marta reflete aquele que busca, que procura Jesus. Maria já se encontra numa
visão vertical, de espírito que aspira a comunhão com a Divindade, que busca o
aprendizado superior junto ao Mestre. O estado Maria reflete aqueles que
escolheram a melhor parte, que ninguém lhes vai tirar. Simbolizam os que já
encontraram Jesus, como Chico Xavier, Irmã Dulce, entre outros.
O
relato de Lucas é a clara lição do Mestre sobre a necessidade do equilíbrio que
precisamos buscar diante da vida material e da vida espiritual. Destarte não
condene o trabalho, a sentença de Jesus nos deve ser muito clara e deve soar em
nossos ouvidos: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas
coisas; porém, uma só coisa é necessária”, Jesus não condenava o trabalho,
apenas aconselhava Marta a pensar nas coisas espirituais que são eternas e
colocar as prioridades em seu lugar certo. Tudo tem seu tempo certo e, assim
como o tempo de cozinhar, de trabalhar, precisamos encontrar o tempo de
aproveitar a presença de Jesus em nossa vida. Jesus nos adverte para que
reflitamos: quantas vezes somos Martas, ligados ao materialismo do mundo
moderno, na busca da riqueza, da acumulação de posses?
Há
muitas Martas pela vida, preocupadas com seus negócios, com sua profissão, com
sua casa, com seus bens materiais, sem tempo para cuidar do espírito. É
importante que tenhamos nossa profissão, nosso emprego, nosso sustento, nossa
casa, nossos bens materiais, mas quando isso tudo começa a ocupar demasiado
espaço em nossa vida, começamos a marcar passo na jornada evolutiva e perdemos
preciosas oportunidades de aprendizados e renovação. Mesmo nas lides espíritas,
onde jamais isso deveria acontecer, tendo em vista a clareza e a profundidade
da mensagem codificada por Allan Kardec, muitos perdem tempo em busca do que
lhes será tirado, perdendo tempo em não buscar valores que lhes enriqueceriam
para sempre a existência.
imagem: atendanarocha.com
2 comentários:
Excelente, amiga Denise. Um abraço. Tenhas uma boa noite.
Olá amiga. Sempre o material atrapalhando o espiritual. Ainda temos muito o que aprender. Beijos e ótimo final de semana.
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