Não aguardes o amigo
perfeito para as obras do bem.
Esperavas
ansiosamente a criatura irmã, na soleira do lar, e o matrimônio trouxe alguém a
reclamar-te sacrifício e ternura.
Contavas com teu
filho, mas teu filho alcançou a mocidade sem ouvir-te as esperanças.
Sustentavas-te no
companheiro de ideal e, de momento para outro, recolheste mistura vinagrosa na
ânfora da amizade em que sorvias água pura.
Mantinhas a fé no
orientador que te merecia veneração e, um dia, até ele desapareceu de teus
olhos, arrebatado por terríveis enganos.
Contudo, embora a dor
de perder, continua no trabalho edificante que vieste realizar…
Ninguém reprova o
doente porque sofra mal-humorado.
Ninguém censura a
árvore que deixou de produzir porque o lenhador lhe haja decepado os braços
frondejantes.
Quase sempre, aqueles
que tomamos por afetos mais doces, crendo abraçá-los por sustentáculos da luta,
simbolizam tarefas que solicitam renúncia e apostolados a exigirem amor.
Não importa o gelo da
indiferença, nem o bramido da incompreensão, se buscamos servir.
O coração mais belo
que pulsou entre os homens respirava na multidão e seguia só. Possuía legiões
de Espíritos angélicos e aproveitou o concurso de amigos frágeis que o
abandonaram na hora extrema. Ajudava a todos e chorou sem ninguém. Mas, ao carregar
a cruz, no monte áspero, ensinou-nos que as asas da imortalidade podem ser
extraídas do fardo de aflição, e que, no território moral do bem, alma alguma
caminha solitária, porque vive tranqüila na presença de Deus.
Albino Teixeira
Fonte:
O Espírito da Verdade
Francisco
Cândido Xavier - Waldo Vieira
imagem: google
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