O desconhecimento da nossa intimidade e as crenças inadequadas e inconscientes que sustentamos sobre nó e sobre a natureza humana influenciam sobremaneira a capacidade de compreendermos claramente os vários fenômenos psicológicos e emocionais presentes nas atividades de nossa casa mental.
Por isso, para entendermos o funcionamento da vida íntima, precisamos silenciar nosso interior e não sentir medo de olhar para dentro de nós mesmos, sondando as nossas profundezas.
Precisamos enxergar muito além da chamada visão normal e ultrapassar as fronteiras da imposição das autoridades intelectuais egocêntricas. Em última instância, fazer um constante exercício no reino do pensamento reflexivo.
A personalidade que nós apresentamos aos outros como real é, muitas vezes, uma subpersonalidade, uma variante às vezes muito diferente da realidade interna.
Julgamentos, pontos de vista, idéias e pensamentos, positivos ou negativos, são forças ativas de indução que formam estruturas energéticas – animadas de intensa atividade -, que se movimentam cm nosso halo mental. Essas estruturas energéticas podem ser denominadas subpersonalidades, personalidades parciais, ou formas-pensamento. São aspectos do ego, também conhecido como persona.
Elas giram em torno do seu criador, estando sempre prontas para o influenciar, de forma determinante, sempre que houver condições receptivas. Assemelhem-se a verdadeiros discursos internos.
As várias personalidades ocultas nos impedem de ver com lucidez os recados da alma e a limitação egóica em que vivemos.
Quando estamos identificados com determinada subpersonalidade, todas as nossas percepções são definidas por ela. Passamos a ter uma visão de mundo com limites particularmente fixados.
É preciso sair de todo e qualquer nivelamento psicológico, não se deixar dominar pelas convenções sociais que impermeabilizam a mentalidade dos seres humanos.
Muitas das subpersonalidades são criadas na fase infantil, e, em determinadas épocas, podem ter uma função útil e defensiva.
A manipulação é um entre os muitos padrões comportamentais adquirido nessa ou em outras existências. A subpersonalidade manipuladora é uma das inúmeras facetas do ego, construídas ao longo da vida.
Somos naturalmente aprisionados ou libertos pelas nossas próprias criações, de acordo com as correntes mentais que idealizamos.
Precisamos distinguir os traços característicos dessas personalidades parciais, visto que, se nos identificarmos fortemente com qualquer uma delas, poderemos nos debilitar ou prejudicar nosso crescimento espiritual e emocional.
As subpersonalidades podem ser: narcisista, magoada, aconselhadora, ferina, manipuladora, impecável, sistemática, sabe-tudo, candura, salvadora, mártir, melindrada, super-heroína, sempre-certa e tantas outras.
É importante acolhermos nossas subpersonalidades, sejam quais forem, com aceitação e cordialidade. Elas podem nos mostrar as tarefas que ficaram inacabadas, o que temos que fazer para não perpetuar padrões do passado, além de indicar-nos as lições de transformação íntima que precisamos efetuar.
O desenvolvimento de uma criatura sadia exige consciência de si, ou seja, consciência reflexiva sobre si própria, sobre sua condição e seus processos interiores. Essa autoconsciência é que nos dá a habilidade para diferenciar e identificar nossos conteúdos psíquicos, e alterá-los, melhorá-los ou renová-los.
É o reencontro daquele que busca com a criatura que se procura. É incontestável que todos nós um dia ficaremos frente a frente com a realidade maior, pois ela, por sua vez, também nos busca e vem ao nosso encontro.
Ao estabelecermos uma conexão com o self, ou si-mesmo, experimentaremos uma abundante e ilimitada visão de acesso à sabedoria, alegria, afetividade, coragem, lucidez, compreensão, amor, respeito, liberdade, desapego, compaixão, individualidade e perdão.
Devemos reconhecer que o primeiro passo para a renovação das atitudes é deixarmos de olhar o mundo através de uma máscara, ou persona – personalidade que nós apresentamos aos outros como real -, e nos ligarmos à amplitude do centro, ou self. E distinguir a sensação entre o relacionamento com o eu pequeno e o eu real, ou seja, a alma.
UM MODO DE ENTENDER, UMA NOVA FORMA DE VIVER
Francisco do Espírito Santo Neto – Espírito Hammed
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