Desestruturados pelos choques comportamentais e esmagados
pelo volume das informações impossíveis de serem digeridas, as massas eliminam arquétipos ou os transferem
para indivíduos imaturos portadores de fragilidade psicológica, aterrando-os,
soterrando-os, na avalanche das necessidades mescladas com os conflitos
existenciais.
Simultaneamente, desaparecem os mitos ancestrais individuais
e a cultura devoradora investe contra os outros, os coletivos, deixando as
criaturas desprotegidas das suas crenças, dos seus apoios psicológicos.
A fé cega substituída
pela ditadura da razão, destruiu
ou substituiu os mitos nos quais se sustentavam os homens, apresentando
outros, igualmente frágeis, que novamente sofrem a agressão dos valores
contemporâneos.
A consciência coletiva, herdeira do choque dos opostos,
do ser e do não ser, da coragem e do medo, do homem e da mulher, não sobrevive
sem a segurança mítica.
Ao lado da violência que se espraia dominadora, vicejam
religiões apressadas, salvadoras, na sua ingenuidade mítica, arrastando
multidões desprevenidas e sem esclarecimento que, fracassadas, no contubérnio
social, ali se refugiam, cultuando o paraíso eterno que lhes está reservado
como prêmio ao sofrimento e ao desprezo de que se sentem objeto pela cultura
consumista e desalmada.
A auto-realização pelo fanatismo mantém os bolsões da
miséria sócioeconômica, por não trabalhar o idealismo latente no homem, a fim
de que transforme os processos geradores da desgraça atual em realização
pessoal e felicidade, na Terra, mesmo.
De certa maneira, o arrebanhar das multidões para as crenças
salvadoras diminui, de alguma forma, o volume da violência, que irrompe,
paralelamente, porqüanto, sem o mito da salvação
pela fé, toda essa potencialidade seria canalizada na direção da
agressividade destruidora.
A agressividade
salvacionista a que dá lugar, embora os prejuízos éticos e sociais que
engendra, acalma os conteúdos psicológicos desviando os sujeitos dos crimes que
poderiam cometer.
O mito da violência, por sua vez, nascido nos porões do
submundo da miséria sócioeconômico-moral e graças à eclosão das drogas em uso
abusivo, engendra o símbolo da força, do poder, do estrelismo, no campeonato da aventura e da bravata, exibindo as
heranças atávicas da animalidade primitiva ainda predominante no homem.
Toma-se pela força o que deveria ser dado pela fraternidade,
através do equilíbrio da justiça social e dos deveres humanos, em solidário
empenho pela promoção dos indivíduos, dignos de todos os direitos à vida que apenas alguns desfrutam.
(continua)
Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
Um comentário:
Preconceito é incompatível com evolução moral, mas filtros mentais são imprescindíveis.
Há que manter a mente a salvo das ideologias mercantilistas, fanáticas e materialistas.
Aqui tem que se aplicar o "Vade retro, Satana" que o Cristo aplicou.
Beijos.
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