A felicidade se estabelece quando os
dois níveis — físico e mental — harmonizam-se, ensejando o prazer emocional e transpessoal.
Nesse passo alcança-se, mediante a
criatividade, o prazer mental, o bom direcionamento da mente, que consegue
alterar para melhor a compreensão do mundo.
Esse sentido da vida, essa
finalidade induz a sacrifícios de bens, riquezas, relacionamentos, para a
entrega à inspiração, do significado à busca da felicidade. Tal prazer não se
restringe apenas à arte em si mesma, ou à cultura, porém, à vida e aos seus
valores, às realizações no campo pessoal, com vistas ao bem da humanidade, à
superação do ego.
Um dos pontos-chave da desdita, como
dos conflitos, reside na evocação dos acontecimentos infantis menos felizes,
que ressumam freqüentemente em ressentimentos e torturas.
A crença indevida de que a infância
tranqüila, descuidada, sem preocupações, seria um período sem traumas, nem
sempre corresponde à realidade. Sem dúvida, uma infância rósea é fator
positivo, porém, não essencial à felicidade.
Certas constrições e castrações, o relacionamento com a mãe, as inibições e pavores
infantis geram inegavelmente tormentos que surgem e ressurgem em todos os
demais períodos da existência. Apesar disso, em uma visão transpessoal da vida
e do ser, cada um traz consigo as predisposições comportamentais e cármicas
para a atual experiência, convivendo com os fatores que merece, graças aos quais deve amadurecer
emocionalmente e dispor-se para a auto-realização.
Qualquer tipo de crescimento,
especialmente psicológico, redunda em sofrimento emocional.
A libertação de uma fase —
infantil, adolescência, idade da razão — ocorre como se fora um parto com dor,
culminando, biologicamente, com a terceira idade, quando se dá a morte do
invólucro carnal.
Os períodos infantil e adolescente
são decisivos na existência, e todas as pessoas passam por dificuldades e crises
durante a formação da personalidade, favorecendo conflitos compreensíveis, que
levam à independência pessoal. Nem todos logram vencer as tensões internas e
externas que se estabelecem a partir de então. É, no entanto, nessa fase que se
definem os rumos futuros do comportamento, necessitando-se de psicoterapias
emocionais e espirituais, próprias para a libertação. Mesmo essa ocorrência,
feliz ou desventurada, e sua aceitação, com o consequente crescimento, têm a
ver com a estrutura profunda do self,
a realidade do Espírito.
Naturalmente, as recordações
infantis positivas ficam submersas, sob aquelas negativas, em razão da
valorização do desagradável marcar mais o ser, do que os outros, que deveriam
ser mais considerados. Trata-se de um atavismo masoquista inconsciente, que
predomina em a natureza humana. Assim, os problemas existenciais podem
perturbar a identidade, quando o ser é frágil, psicologicamente, e sem experiências
desafiadoras, espiritualmente. Mesmo nas infâncias assinaladas por dificuldades,
há muita beleza a recordar e momentos inesquecíveis, que são inerentes a essa
fase, exceção feita às personalidades psicopatas e arredias, que cultivam, no
seu mutismo ou exacerbação, os conflitos de que padecem.
Seja, porém, qual for a herança
infantil que se carregue, a busca da felicidade não deve sofrer solução de
continuidade, especialmente se as vivências são conflitivas, merecendo, nesse
caso, mais intensidade de reidentificação com o self.
Avançando-se terapeuticamente para a
libertação dos traumas, com a fixação dos propósitos e logros de saúde
emocional, consegue-se dar o passo primeiro para a conquista da felicidade que
logo virá.
(continua)
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de
Ângelis
2 comentários:
Oi Denise! Gosto de ler suas postagens e aprendo muito. A infancia não é mesmo só de alegrias e até Chico Xavier teve uma infancia bem sofrida.Apesar disso cresceu sem rancor e só fez o bem. Creio que é um exemplo maravilhoso para nós!Bom demais te visitar! bjs,
Harmonia entre o físico e o mental estabelece a felicidade?
Que bom, sou feliz desde criança!
Nada de infância rósea, criança pobre e com pai autoritário, nem por isso tenho experiência amargas pra relembrar e, mesmo se as tivesse,"para que recordar o que chorei?" (Carlos Dafé).
Beijos.
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