A culpa assinala a consciência que se abre em chaga
viva até a reparação do erro, a recomposição do campo energético agredido. O
arrependimento sincero ou os propósitos honestos de reabilitação não bastam
para conceder o reequilíbrio no psiquismo e na emoção do delinquente. Por isso,
quanto mais esclarecido e lúcido o infrator, tanto maior o grau da sua
responsabilidade.
O erro retém o seu autor nas próprias malhas, que este
deve desfazer mediante a correção do que foi praticado. Esse labor faculta
dignificação, promovendo o indivíduo.
Liberado do mal praticado, adquire experiência e
abanca, estrada fora, no rumo de novos patamares para a felicidade, sem
retentivas na retaguarda.
Nem mesmo o perdão que a vítima concede ao seu
malfeitor libera-o da consciência de culpa. Ajuda-o, naturalmente, a sentir-se
melhor consigo próprio e com aquele a quem prejudicou, estimulando-se, ele
mesmo, para reparar o dano causado. Mediante a concessão do amor e não o ódio
em forma de revide, torna-se-lhe mais factível a vitória, a recuperação moral,
assim liberando-se do sofrimento.
A ilusão da posse, a presença das paixões primitivas,
o egoísmo, agasalhados enquanto ao corpo, transferem as chagas que geram para
além da sepultura.
Desde que o homem é espírito e este energia, as suas
mazelas permanecem impregnadas, produzindo as ulcerações alucinantes onde quer
que este se encontre: no corpo ou fora dele.
Não provocando real alteração em ninguém, a morte
apenas transfere os seres de posição e situação vibratória, mantendo-os
conforme são.
É natural que a troca de indumentária imposta pelo
cessar do fenômeno biológico não lhe arranque as estratificações na área da
energia, portanto, na sede da consciência.
O desencarnado desperta além das vibrações
moleculares do corpo com as mesmas aptidões, ansiedades, engodos, necessidades
cultivadas, boas ou más, voltando a assumir a postura equivalente ao grau de
evolução em que estagie.
As sensações que lhe são predominantes da
individualidade permanecem-lhe, quando atrasado, sensual, amante dos prazeres,
vinculado aos pensamentos sinistros, licenciosos, egoísticos, fazendo-o
experimentar a mesma densidade vibratória que lhe era habitual durante a conjuntura orgânica. Rematerializa-se e passa a viver
como se estivesse encarcerado no corpo somático sofrendo-lhe todos os limites,
conjunturas, condicionamentos, doenças, desgastes... A mente, escrava das sensações, elabora
formas ideoplásticas que o aturdem e infelicitam, tornando-lhe o sofrimento de
difícil descrição.
Tenta o contato com os familiares e amigos que
ficaram, e eles não se apercebem, o que lhe inflige dores morais superlativas,
levando-o à loucura, à agressividade, ao desalento.
Em alguns momentos esbraveja e exaure-e,
entregando-se aos paroxismos do desespero e desmaia, para logo recomeçar, sem
termo, até quando brilha na consciência entenebrecida o amor, que o desperta
para outro tipo de sofrimento, o do remorso, do arrependimento que o conduz ao
renascimento, para recuperação sob os estigmas da cruz que traz insculpida na
existência.
Enquanto não lhe chega esse socorro, une-se em
magotes de desesperados, construindo regiões dantescas, onde se homiziam e
prosseguem sob o açodar das penas que o automatismo das leis de Deus, neles
próprios, como em todos nós inscritas, impõem.
O sofrimento, nessas regiões, decorre dos atentados
perpetrados com a anuência da razão.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
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