Pelo
fato de ser uma lei natural, o trabalho deve ser assegurado a todos os homens
válidos que o solicitem, para que, em contrapartida, lhes seja exigido que provejam
às necessidades próprias e da família, sem precisarem pedir nem aceitar
esmolas.
O desempregado, e consequentemente a fome, a nudez, o
desabrigo, a enfermidade, a prostituição, o crime, etc, constituem provas de
que a sociedade se acha mal organizada, carecendo de reformas radicais que
melhor atendam à Justiça Social.
Constitui dolorosa anomalia deixar-se o ser humano em
situação de não poder defender-se da miséria, até delinqüir ou morrer. O
desempregado tem direito à vida. Por conseguinte, o Estado só pode castigá-lo
pelo roubo se lhe proporciona meios para assegurar a subsistência através do
trabalho.
Sujeitar, portanto, irmãos nossos à condição de
párias, enquanto incontáveis hectares de terra permanecem inexplorados, nas
mãos do Estado ou de uns poucos ambiciosos que os foram acumulando, como se
fossem títulos negociáveis, é um crime de lesa-humanidade.
Os que supõe seja o trabalho apenas um ganha pão, sem
outra finalidade que não a de facultar os meios necessários à existência,
laboram em erro. Se o fosse, então todos aqueles que possuíssem tais meios, em
abundância, poderiam julgar-se desobrigados de trabalhar.
Em verdade, porém, a lei de trabalho não isenta
ninguém da obrigação de ser útil. Ao contrário. Quando Deus nos favorece, de
maneira que possamos alimentar-nos sem verter o suor do próprio rosto,
evidentemente não é para que nos entreguemos ao hedonismo, mas para que
movimentemos, na prática do bem, os talentos que nos haja confiado.
Isso constitui uma forma de trabalho que engrandece e
enobrece nossa alma, tornando-a rica daqueles tesouros que a ferrugem e a traça
não corroem, nem os ladrões podem roubar.
Do Livro: As Leis
Morais – Rodolfo Calligaris
2 comentários:
Oi amiga virtual Denise, ótima postagem. Lembrando que o trabalho ao lado da oração funciona como uma espécie de antídoto contra o mal.
Abraços e paz interior.
Estou a 15 dias de minha 3a. aposentadoria, desta feita, pela compulsória, por eu ser servidora pública(professora) e não ter o "direito" de continuar após os 70 anos de idade. Trabalho há 48 anos e já estou me preparando para não parar de trabalhar...Há tantos meios de ocupação, para o corpo e para o espírito, que não me preocupo com o que virá, dali por diante...
Excelente texto! Muita paz!
P.S. Denise, deixei um comentário, em resposta ao seu, sobre a Princesa Isabel. O autor do texto era um ardoroso defensor da monarca. Quando ele se refere aqueles homens é "colocando-os" nos Gabinetes, a serviço da possível "Rainha Isabel"...à maneira de D.Pedro II, que teve, ao seu lado, grandes ministros, no Segundo Império.
Um abraço!
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