Quando
você diz sim quando queria responder não, pode não se dar conta que está
acumulando energia negativa que, a qualquer momento e que a qualquer momento
poderá perder a paciência e jogar tudo para os ares.
Possivelmente, essa explosão poderá acontecer no
momento de uma situação banal. Esses “sapos” do dia a dia são atitudes
“engolidas” por pessoas não-assertivas – aquelas com dificuldade de se
expressar em grupo – e fazem mal à saúde! O comportamento de passividade será
responsável por gerar sentimentos que permanecerão presos na garganta e que
quando não manifestados por um tempo prolongado, poderão se transformar em
crises nervosas e diminuição da imunidade fisiológica.
Altos níveis de estresse, baixas autoestima e
criatividade, instabilidade emocional, sentimentos autodestrutivos e até
alteração na pressão arterial: esses sintomas são manifestados pelo organismo
exatamente quando o indivíduo não se manifesta como deveria. Isso acontece
porque o organismo libera substâncias, como a adrenalina, que, em excesso,
favorecem o aparecimento de doenças autoimunes, resfriados, gastrites,
infecções e até problemas cardiovasculares. O acúmulo das sensações provocadas
pelo comportamento não-assertivo dão abertura para a entrada de crises emocionais
e doenças oportunistas devido à queda da imunidade.
O medo da reação alheia e a ansiedade também são
vilões na vida dos não-assertivos. Esses comportamentos podem indicar que a
pessoa está apenas querendo evitar possíveis confusões ou brigas, ou talvez buscando
segurança para se expressar com atitudes mais sensatas e coerentes. Muitos
queres planejar por um longo tempo a melhor maneira de mudar uma situação
incômoda. Não significa que essa seja a estratégia para ser utilizada com
freqüência. Se isso persiste por muito tempo e não tem essa função protetora,
pode minar o potencial criativo e impedir o desenvolvimento.
O que se passa na cabeça dos não-assertivos é que
estão sendo contrariados. Eles sentem o incômodo de alguma situação, acham
injusto, mas a aceitam. A incoerência entre os pensamentos e as atitudes gera
desconforto e sofrimento que vão sendo guardados a cada novo episódio. É aí que
acontecem os momentos de explosão e são acompanhados pela surpresa dos amigos,
familiares, companheiros de trabalho ou estudos.
Muitas vezes taxados como tranqüilos e passivos, os
conhecidos por aceitar tudo e não confrontar nada acabam acumulando a
frustração e raiva, além da insatisfação pela contrariedade não ser notada.
Esses sentimentos reprimidos, que podem provocar a raiva e até transformar o
indivíduo em alguém agressivo, também são responsáveis por uma enxurrada de
hormônios de corticóides, que agem diretamente no cérebro, causando graves
danos. A longo prazo, os efeitos são sérios, levam à instabilidade emocional e
causam até a destruição de neurônios.
Mas nem só de sapos e situações desagradáveis vivem
as pessoas não-assertivas. A demonstração de bons sentimentos e a aceitação de
elogios também mostram-se difíceis. No lugar do agradecimento, sempre aparecem
frases do tipo “não mereço tanto”. Como elas sempre têm a expectativa e acham
que têm de agradar a todos, acabam encontrando dificuldades para aceitar
elogios. Tomar a iniciativa para dizer eu te amo, e demonstrar carinho, por
exemplo, também leva tempo.
Não significa que, a partir de agora, caso você
esteja cansado de “engolir sapos”, seja preciso começar a “soltar os cachorros”
com o primeiro que aproveitar da sua dificuldade de se fazer entender. Pelo
contrário, o caminho para conseguir se manifestar de maneira mais saudável e
sensata exige um novo aprendizado. O primeiro passo é começar a fazer esse
treinamento nos pequenos aborrecimentos do dia a dia. Deve começar com pessoas
próximas e ir subindo até chegar às hierarquias, seguindo, se preciso, orientações
de um profissional. Vale também fazer exercícios de respiração e relaxamento,
valorizar as atividades físicas, intelectuais, profissionais e sociais para
mandar embora a insegurança de se expressar. Desde que sua opinião ou vontade
sejam impostas com educação e clareza, não se preocupe, pois contrariar alguém
não é pecado.
Extraído da revista Bem
Estar – 6/11/2011
Encarte do Jornal
Diário da Região – São José do Rio Preto
Um comentário:
Amiga Denise, mais um texto precioso, publicado aqui. Um abraço.
Tenhas uma boa noite.
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